Em coletiva de imprensa no Senado Federal, nesta terça-feira (29), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que um movimento de direita sem sua presença seria uma "utopia". O ex-mandatário esteve no gabinete da liderança do Partido Liberal (PL) para tratar da sucessão da Casa Alta em 2026.
"Esses caras juntam quantas pessoas no aeroporto, num bate-papo em qualquer lugar do Brasil? Não sabem a linguagem do povo. É uma utopia. Todos que tentaram se arvorar como líder através de likes ou de lacrações nunca chegaram a lugar nenhum", disse Bolsonaro.
Indagado sobre a tramitação do PL da Anistia, o ex-mandatário negou que a Comissão Especial criada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), atrapalhe o andamento da pauta no Legislativo. Ainda nesta terça-feira, Lira retirou o projeto que concede anistia aos envolvidos no 8 de janeiro da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
“Não adianta se aprovar por 200 a 0, ou 500 a 0, na Comissão se o dono da pauta no plenário é o Arthur Lira. Ele não está impondo nada para mim e nem eu para ele", disse. Bolsonaro também afirmou que está conversando com Lira, a presidente da CCJ, Caroline De Toni (PL-SC), e o relator da proposta, o deputado Rodrigo Valadares (União-SE).
Para Bolsonaro, a comissão servirá para ouvir os “órfaos de pais vivos”, em referência aos presos do dia 8 de janeiro. “O que o pessoal pretende ao criar a comissão? Trazer para cá os órfãos de pais vivos. Vocês vão ficar chocados”, disse o ex-presidente”, disse.
Bolsonaro ainda se referiu ao ato do dia 8 de janeiro de 2023 como “quebra-quebra” e disse que a destruição e os atos de vandalismo ocorreram “antes do pessoal que estava acampado”. “Teve um quebra-quebra. Pelo que tudo indica foi feito antes do pessoal que estava acampado. O próprio Nelson Jobim falou, depois voltou atrás, que foi um quebra-quebra, algo que todos nós condenamos, mas ninguém tentou dar golpe no Lula. Se fosse dar golpe, seria antes de tomar posse, não depois”, declarou o ex-presidente.
Eleição para presidente do Senado
Comentando sobre a eleição no Senado, Bolsonaro afirmou que o Partido Liberal deverá apoiar a candidatura de Davi Alcolumbre (União-AP) à presidência da Casa. O ex-presidente argumentou que a escolha visa ocupar cargos na Mesa Diretora. Ele também negou que o apoio será condicionado a uma eventual aprovação do PL da Anistia.
"Não tem condição. Ninguém está aqui para esconder a verdade de vocês. Nós sabemos da força do Alcolumbre, que deve ser o presidente [do Senado] no futuro. Nós, em 2023, jogamos com o Marinho e perdemos. Não temos espaço na Mesa Diretora e em comissões. A gente está quase como um zumbi, com todo o respeito ao trabalho que a bancada do PL [faz]", disse Bolsonaro.
Inelegibilidade e Michelle ao Senado
Ao ser questionado sobre a sua candidatura em 2026, Bolsonaro garantiu que pretende recorrer da sua inelegibilidade e reclamou que outras pessoas poderão se candidatar, enquanto que ele não pode, por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A declaração foi em referência à anulação das condenações do ex-ministro José Dirceu, no Supremo Tribunal Federal (STF).
“O mentor de tudo o que há de errado no Brasil, não só no tocante à corrupção, é o Zé Dirceu, e ele está elegível, pode ser candidato”, afirmou o ex-presidente.
Apesar de não confirmar a sua candidatura, Bolsonaro garantiu que sua esposa, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, deve ser candidata ao Senado pelo Distrito Federal em 2026.
“Ela não é muito afeita à política. Ela pretende, sim, disputar o Senado pelo Distrito Federal. No momento, essa é a nossa intenção. Acredito que ela tenha muita chance”, afirmou.
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