O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou à Polícia Federal nesta quarta-feira (26), segundo seus advogados, que a eleição de 2022 é “página virada” e que foi “acidental” a postagem que ele fez no Facebook, no dia 10 de janeiro, de um vídeo questionando a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Por causa dessa publicação, ele passou a ser investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta incitação a crimes contra o Estado Democrático de Direito, no âmbito do inquérito que apura a autoria intelectual dos ataques às sedes dos três Poderes no dia 8 de janeiro.
“O ex-presidente consignou que é uma página virada as eleições de 2022. A partir do momento da derrota, ele fez uma transição e no dia 30 de dezembro ele tirou férias, que não tirava há quatro anos”, disse o advogado Daniel Tesser, que acompanhou Bolsonaro no interrogatório.
“Sobre esse post, tanto a postagem foi acidental, que ele não fez nenhum comentário em cima desse post. Apagou logo na sequência. O presidente, quando saiu de férias, ele tratou a eleição como página virada. Então, em momento algum você vai encontrar alguma declaração dele declinando que a eleição tenha sido fraudada. Em momento algum isso é falado”, afirmou depois o advogado Paulo Amador da Cunha Bueno, que também participou da audiência.
O ex-secretário de Comunicação do governo de Bolsonaro Fabio Wajngarten também acompanhou o ex-presidente. Segundo ele, Bolsonaro estava efeito de medicamentos e postou o vídeo sem querer. "Quando alertado, quando tomou conhecimento da postagem, sequer havia percebido que havia postado o referido conteúdo. Assim que alertado, apagou o vídeo", afirmou.
O depoimento foi determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF. Bolsonaro chegou à sede da PF às 8h45 e deixou o local por volta das 11h30.
Wajngarten nega que postagem tenha sido feita por Carlos Bolsonaro
Após o depoimento, Wajngarten reiterou que Bolsonaro repudiou os atos de vandalismo na noite do próprio dia 8 de janeiro e negou que a postagem – apagada horas após sua publicação – tenha sido feita pelo filho Carlos Bolsonaro, que administrava as redes sociais dele.
“O presidente repudiou na noite do 8 [de janeiro] todos os acontecimentos lamentáveis que aconteceram aqui em Brasília. Fim da eleição, o presidente virou a página política dele. O presidente, vocês se recordam, enfrentou um processo de erisipela severo, o presidente não recebeu pessoas no Palácio, presidente não articulou politicamente, o presidente se fechou e no 30 de dezembro ele viajou para os Estados Unidos onde permaneceu até o fim de março”, afirmou Wajngarten.
Questionado sobre se a postagem partiu de Carlos, respondeu: “Não foi o Carlos Bolsonaro. O metadado do Meta indicará isso”, disse, em referência à empresa dona do Facebook, onde foi feita a publicação.
No vídeo, um procurador do estado do Mato Grosso do Sul diz que Lula não teria sido eleito pelo povo brasileiro, mas “escolhido pelo serviço eleitoral, pelos ministros do STF e pelos ministros do Tribunal Superior Eleitoral”.
Ao incluir Bolsonaro na investigação sobre o 8 de janeiro, Moraes escreveu que trata-se de uma afirmação falsa, que “deslegitima as instituições democráticas e estimula que grupos de apoiadores ataquem pessoalmente pessoas que representam as instituições, pretendendo sua destituição e substituição por outras alinhadas ao grupo político do ex-Presidente”. “De maneira ainda mais grave, instiga que apoiadores cometam crimes de extrema gravidade contra o Estado Democrático de Direito, como aqueles ocorridos no dia 8/1/2023.”
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