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O presidente Jair Bolsonaro falou, em seu discurso durante as manifestações pelo 7 de setembro em Brasília, que o ato desta terça-feira representa um “ultimato a todos da Praça dos Três Poderes”. O chefe do Executivo não citou nomes, mas disse na fala que o Brasil não pode “admitir que uma pessoa coloque em risco a nossa liberdade”. Também declarou que vai continuar atuando "dentro das quatro linhas da Constituição".Bolsonaro está em rota de colisão com dois ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. O nome de ambos foi bastante citado, em tom de crítica, pelos apoiadores de Bolsonaro que foram à Esplanada dos Ministérios."Não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica da região dos Três Poderes continue barbarizando a nossa população. Não podemos aceitar mais prisões políticas no nosso Brasil. Ou o chefe desse poder enquadra o seu ou esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos", afirmou.
Bolsonaro declarou que mostrará aos representantes dos demais poderes que “o povo indicará para onde o Brasil deve ir”. Ele afirmou que estará, na quarta-feira (8), no Conselho da República, colegiado que une o presidente, os comandantes de Câmara e Senado, o Ministro da Justiça e outras autoridades. E, segundo Bolsonaro, ele levará ao Conselho essa “fotografia” que indicará o direcionamento sugerido pelo povo.
"Nós todos aqui, sem exceção, somos aqueles que dirão para onde o Brasil deverá ir. Temos em nossa bandeira escrito ordem e progresso. É isso que nós queremos. Não queremos ruptura, não queremos brigar com poder nenhum. Mas não podemos admitir que uma pessoa turve a nossa democracia. Não podemos admitir que uma pessoa coloque em risco a nossa liberdade."
Após a fala de Bolsonaro, o locutor do carro de som prestou homenagem ao deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) e ao ex-deputado Roberto Jefferson, ambos presos após realizarem ameaças a membros do STF. Jefferson foi também lembrado por participantes da manifestação, que carregavam adesivos e cartazes alusivos a ele, que é o presidente nacional do PTB. O locutor da manifestação também citou o nome do cantor e ex-deputado Sérgio Reis, que entrou na mira do Judiciário após ter defendido a destituição de ministros.
O discurso de Bolsonaro em Brasília foi acompanhado por autoridades como os ministros Braga Netto (Defesa), Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), Onyx Lorenzoni (Trabalho e Previdência), os senadores Jorginho Mello (PL-SC) e Marcos Rogério (DEM-RO), deputados como Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Caroline de Toni (PSL-SC), Bia Kicis (PSL-DF) e Hélio Lopes (PSL-RJ) e a vice-governadora de Santa Catarina, Daniela Reinehr.
Muito STF, poucos políticos
O protesto em Brasília foi marcada pela definição do STF como principal alvo dos manifestantes. Antes objetos principais das críticas, agora o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT e as esquerdas foram pouco citados. Deputados e senadores de outros partidos foram também, em sua maioria, ignorados.
Faixas e cartazes, em diferentes idiomas, criticavam o Supremo, que definiam como arbitrário, e acusavam os juízes como adversários da liberdade. Outros dizeres bem comuns nas faixas eram os que pediam intervenção militar ou algum tipo de ação das Forças Armadas contra o Supremo, e que mantivessem Bolsonaro no comando do país.
Veja a íntegra do discurso em Brasília: