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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta terça-feira (27) que não "importunou" uma baleia jubarte durante um passeio de jet ski no litoral de São Sebastião, em São Paulo, em junho do ano passado. Bolsonaro prestou depoimento à Polícia Federal sobre o caso por cerca de duas horas. Segundo a defesa, o interrogatório foi “tranquilo” e ficou constatado que não houve importunação.
“O presidente explicou como foi a situação, ficou claramente constatado, assim como no primeiro parecer do Ministério Público, que não houve importunação, não houve nenhuma das hipóteses do tipo penal que estão querendo imputar o presidente em razão do avistamento da baleia”, afirmou o advogado Daniel Tesser, que representa o ex-presidente.
O inquérito contra o ex-presidente foi instaurado no ano passado pelo Ministério Público Federal (MPF) por suspeita de um “possível crime de importunação intencional de espécies de cetáceos”, previsto em uma lei de 1987 que proíbe a pesca de animais como baleias e golfinhos nas águas jurisdicionais brasileiras. A investigação apontou que Bolsonaro teria conduzido o jet ski a cerca de 15 metros de uma baleia jubarte.
O ex-presidente falou sobre o depoimento durante uma entrevista concedida ao programa Oeste Sem Filtro, da Revista Oeste, horas após deixar a PF. Bolsonaro disse esperar que o inquérito seja arquivado, mas ressaltou que a decisão é do MPF.
"No depoimento, confirmei que era eu no jet ski. Não vou negar, nem pedir perícia disso. Expliquei como tudo aconteceu. Eu vi um grupo de pessoas em embarcações, me aproximei e a baleia surgiu em uns 15, 20, 30 metros à minha frente. Deixei em ponto morto o jet ski e, quando ela mergulhou a segunda vez, dei ré e fui cuidar da minha vida, do meu passeio. Não tenho nenhum prazer em ficar vendo baleia por aí. A confusão está feita", relatou Bolsonaro durante a entrevista.
Tesser destacou que não é possível “controlar um animal daquele tamanho que surge e emerge da água, de baixo”. O advogado afirmou que o ex-presidente “tomou todas as precauções” a partir do momento que viu a baleia. “O que a lei determina foi cumprida. Ele também nem sabia que tinha essa proibição, mas mesmo assim tomou todos os cuidados necessários para não criar nenhum tipo de interferência ou moléstia ao animal”, disse Tesser.
O advogado e ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, também prestou depoimento à PF. Ele relatou que estava distante da baleia, auxiliando uma embarcação que sofreu uma pane. Para Wajngarten, o depoimento sobre a suposta importunação ao animal é um ato de “provocação” por ele estar ao lado do ex-presidente na ocasião.