Fotos Marcos Corrêa/PR| Foto: Marcos Correa

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse neste sábado (27) que não tolerará propagandas de estatais que não sigam a sua linha ideológica, mesmo depois de o governo ter recuado da iniciativa de impor análise prévia de campanhas publicitárias.

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"Quem indica e nomeou o presidente do Banco do Brasil? Sou eu? Não preciso falar mais nada, então", afirmou o presidente. "A linha mudou. A massa quer o quê? Respeito à família. Ninguém quer perseguir minoria nenhuma, nós não queremos que dinheiro público seja usado dessa maneira", prosseguiu.

Questionado sobre como pretende controlar o conteúdo veiculado, ele disse que as autoridades de seu governo terão de respeitar a sua orientação.
"Por exemplo, meus ministros. Eu tinha uma linha armamentista, eu não sou armamentista? Então, ministro meu ou é armamentista ou fica em silêncio", determinou. "É a regra do jogo."

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Nesta semana, Bolsonaro mandou tirar do ar uma campanha publicitária do Banco do Brasil dirigida ao público jovem com atores que representavam a diversidade racial e sexual.

No ar desde o início de abril, a propaganda foi suspensa no último dia 14 depois que o presidente assistiu ao filme. No comercial, os atores são quase todos jovens, há mulheres e homens negros, e uma das personagens é transexual. Muitos aparecem com tatuagens e cabelos coloridos. "Não é a minha linha, vocês sabem que não é a minha linha", disse o presidente.

Depois do episódio, o governo decidiu que empresas estatais deveriam submeter previamente à avaliação da Secom (Secretaria de Comunicação Social) campanhas publicitárias de natureza mercadológica. Horas depois, recuou. A Secretaria de Governo, a quem a equipe de comunicação está subordinada, informou na noite desta sexta-feira (26) que a Secom não observou a Lei das Estatais e que não cabe à administração direta intervir no conteúdo de publicidade.

Presidente do BB: suspensão da propaganda tem de ser vista 'num contexto mais amplo'

O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, informou neste sábado (27) que a retirada da propaganda precisa ser vista "num contexto mais amplo em que se discute à diversidade no país". Segundo ele, no ano passado, durante as eleições, houve confronto de duas visões de mundo e "um povo majoritariamente conservador fez uma clara opção no sentido de rejeitar a sociedade alternativa" que os meios de comunicação procuravam impor.

"Durante décadas, a esquerda brasileira deflagrou uma guerra cultural tentando confrontar pobres e ricos, negros e brancos, mulheres e homens, homo e heterossexuais etc, etc. O 'empoderamento' de minorias era o instrumento acionado em diversas manifestações culturais: novelas, filmes, exposições de arte etc., onde se procurava caracterizar o cidadão 'normal' como a exceção e a exceção como regra", afirmou o presidente por meio de sua assessoria de imprensa. "É este o pano de fundo para nossos debates atuais", completou Novaes.

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O posicionamento foi feito em resposta a questionamento feito ao banco sobre a retirada da propaganda do ar. Até então, o BB não havia dado justificativa oficial para a retirada da propaganda.