O diplomata Anatoliy Tkach, encarregado de negócios da Ucrânia no Brasil, afirmou nesta segunda-feira (28) que o presidente Jair Bolsonaro está “mal informado” sobre a guerra iniciada pela Rússia contra seu país.
Em entrevista à imprensa, na sede da embaixada ucraniana em Brasília, ele foi questionado sobre as declarações deste domingo de Bolsonaro, que disse ser um exagero falar em massacre e que o Brasil manteria uma posição de neutralidade.
“Penso que o presidente do Brasil está mal informado. Talvez seria interessante ele conversar com o presidente ucraniano para ter outra posição e uma visão mais objetiva”, disse Anatoliy, que chefia a missão diplomática da Ucrânia no Brasil, uma vez que atualmente não há embaixador do país em Brasília.
Ele chamou a atenção para a ameaça de Putin de acionar armas nucleares, em caso de escalada no conflito.
“Nesse momento estamos em um momento muito delicado, quando estamos decidindo o futuro não só da Ucrânia mas também da Europa e do mundo. Neste momento, não se trata de apoio à Ucrânia, mas de apoio aos valores democráticos, ao direito internacional, incluindo fundamentos como não violação das fronteiras, o respeito à soberania do Estado e de integridade territorial”, completou o diplomata em seguida.
Ele disse que ainda não houve tentativa de fazer um contato entre Bolsonaro e Volodymyr Zelensky, o presidente da Ucrânia. Indagado sobre o comentário de Bolsonaro de que o povo ucraniano teria escolhido um comediante para a Presidência, Anatoliy respondeu:
“Nosso presidente é democraticamente eleito, não importa qual foi sua profissão antes de ser eleito. Agora ele é líder da nação e ele está agora liderando a guerra contra o segundo maior exército no mundo."
O diplomata disse que pediu ajuda humanitária nesta segunda ao Itamaraty, apresentando uma lista de itens essenciais, como alimentos e remédios. Até o momento, não houve resposta.
Ele foi questionado pela Gazeta do Povo se é um erro a posição do Brasil nas Nações Unidas contra sanções econômicas à Rússia. Disse que até a Suíça, que tradicionalmente se mantém neutra, aderiu às medidas para sufocar a economia russa.
"Gostaríamos de maior apoio e maior condenação por parte do Brasil à Rússia. Temos que parar essa agressão [...] As sanções são meios de dissuasão que visam a terminar diplomaticamente a guerra atual", afirmou.
Ataques à Ucrânia
Anatoliy iniciou a entrevista narrando os últimos ataques russos à capital Kiev e outras importantes cidades ucranianas. Segundo ele, há mísseis russos sendo lançados de Belarus, presidido por Aleksandr Lukashenko, aliados do presidente da Rússia, Vladimir Putin.
Entre os alvos estão instalações de infraestrutura, incluindo barragens próximas a usinas nucleares, embora não haja ainda notícia de vazamento de material radioativo.
Também foram alvejados orfanatos e hospitais. Até o momento, segundo o diplomata, a Ucrânia já tem 2.040 civis feridos, incluindo 45 crianças; e 352 pessoas mortas, sendo 16 crianças.
Só no último sábado (26), mais de 120 mil ucranianos deixaram o país rumo a países vizinhos. Ele disse que há muitas crianças atravessando as fronteiras desacompanhadas ou sem consentimento dos pais, o que traz dificuldades para seu acolhimento no exterior.
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