O presidente Jair Bolsonaro voltou a exaltar a figura do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, primeiro militar condenado por sequestro e tortura durante a ditadura, e afirmou que presos políticos do regime militar eram "tratados com toda a dignidade". "[O livro "A Verdade Sufocada, de Ustra"] narra fatos, como os presos – não era preso político não – terroristas eram tratados no DOI-Codi de São Paulo, tratados com toda a dignidade, inclusive as presas grávidas", afirmou.
"Uma história realmente verdadeira, para quem não quer ser manipulado pela esquerda, não é aquela 'historinha' que a esquerda conta cheia de blá-blá-blá, sempre se vitimizando, lutando por democracia, etc, etc, etc", disse Bolsonaro em entrevista ao filho Eduardo Bolsonaro, deputado estadual (PSL-SP).
Ustra esteve à frente do DOI-Codi no período em que foram registradas ao menos 45 mortes e desaparecimentos forçados no local, de acordo com relatório elaborado pela Comissão Nacional da Verdade (CNV). Ele morreu em 2015, aos 83 anos, sem cumprir pena. Presenteado pelo filho com a 19.º edição do livro de Brilhante Ustra, Bolsonaro também voltou a celebrar o golpe militar de 1964, segundo quem o episódio "livrou" o Brasil do comunismo, e chamou o momento de história com "H".
"É um livro que não tem como ser contestado, são fatos, tal dia, tal hora, o primeiro marido da Dilma [Rousseff, ex-presidente] sequestrou avião em voo, e foi para Cuba. Tem os fatos aqui, recortes de jornal, noticiava o fato em si. Não tem como fugir disso aqui, como nós nos livramos do comunismo naquele momento, não tem que se envergonhar disso, é história com H, não é historinha contada pela esquerda, deveria ser leitura obrigatória, pessoas que queiram saber da verdade, o que foi aquele período pré-64 e um pouquinho depois do 64 também", afirmou Bolsonaro.
Ao longo de sua vida pública, Bolsonaro já fez diversas declarações elogiosas a Ustra. A mais famosa ocorreu quando o atual presidente era deputado federal, em 2016, ao votar pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff – considerada uma das vítimas do DOI-Codi.
Sobre o episódio, o presidente comentou que resolveu naquele momento "resgatar a honra e a memória de um grande brasileiro". "Ali o dono de um instituto de pesquisa muito grande falou que não me elegeria nem vereador mais no Brasil, e acabou acontecendo o contrário", disse.
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