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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez um apelo aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) pela anistia para “pacificar o Brasil” e voltou a negar ter participado da suposta tentativa de golpe. A oposição defende o perdão aos investigados pelos atos de 8 de janeiro de 2023.
“Eu apelo aos senhores ministros do Supremo Tribunal Federal, eu apelo. Por favor, repensem, vamos partir para uma anistia, [e o país] vai ser pacificado”, afirmou o ex-mandatário em entrevista ao programa “Oeste sem filtro”, da revista Oeste.
A Polícia Federal indiciou Bolsonaro e outras 36 pessoas no inquérito que apura uma suposta articulação golpista. Durante a entrevista, ele argumentou que um posicionamento favorável à anistia do presidente Lula (PT) ou do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) poderia resolver a pacificação.
“Para nós pacificarmos o Brasil, alguém tem que ceder. Quem tem que ceder? O senhor Alexandre de Moraes. A anistia, em 1979: eu não era deputado, foi anistiada gente que matou, que soltou bomba, que sequestrou, que roubou, que sequestrou avião, e ‘vamos pacificar, zera o jogo daqui para frente’”, disse.
“Se tivesse uma palavra do Lula ou do Alexandre de Moraes no tocante à anistia, estava tudo resolvido. Não querem pacificar? Pacifica”, acrescentou. Segundo a PF, o plano de golpe incluía o assassinato do petista, do ministro e do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Bolsonaro nega qualquer envolvimento na tentativa de golpe e disse não saber sobre o suposto plano homicida contra autoridades.
Após a divulgação do indiciamento, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), defendeu uma anistia "ampla, geral e irrestrita" que, na prática, poderia beneficiar seu pai.
“Essa perseguição contra Bolsonaro e contra a direita não começou em 2022, em 2023 ou em 2024, começou muito antes, mas, para ser breve aqui, o único caminho para alguma normalidade e para algum reequilíbrio entre os Poderes é uma anistia que tem que ser ampla, geral e irrestrita – estou cada vez mais convicto disso”, afirmou o senador na quarta (27).
O ex-chefe do Executivo reiterou que discutiu com comandantes das Forças Armadas a possibilidade de decretar um Estado de sítio no país. Contudo, assim como na entrevista ao portal UOL nesta manhã, ele argumentou que só avaliou a medida por não conseguir acionar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para discutir a segurança das urnas eletrônicas.
“Os comandantes das Forças falam [em depoimentos] que ‘Bolsonaro discutiu conosco hipóteses de [artigo] 142, Estado de sítio, Estado de defesa’. E eu discuti, sim. Conversei, não foi nenhuma discussão acalorada… Golpe usando a Constituição? O que está dentro da Constituição você pode utilizar”, ressaltou.
Bolsonaro chama relatório da PF de “peça de ficção”
O ex-presidente classificou o relatório feito pela Polícia Federal para indiciá-lo como uma “peça de ficção”. No documento de quase 900 páginas, a autoridade policial concluiu que Bolsonaro “planejou, dirigiu e executou” atos para abolir o Estado Democrático de Direito e consumar um golpe de Estado.
“[O relatório] é mais uma peça de ficção. Falar de golpe de Estado com general da reserva, quatro oficiais e um agente da PF é outra piada. E como um todo, não tem prova de absolutamente nada. Eles não querem pegar o Braga Netto, o Heleno, eles querem pegar eu mesmo. Acham que eu sou o mal, o grande mal da democracia”, disse o ex-mandatário à revista Oeste.
O general Walter Braga Netto, ex-ministro e ex-candidato a vice de Bolsonaro, é descrito pela PF como peça-chave no planejamento do suposto golpe. Tanto Braga Netto quanto o general e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno também foram indiciados.
Bolsonaro afirmou ainda que paga uma boa equipe jurídica para defendê-lo com recursos vindos de doações por Pix de apoiadores. “Eu tenho uma equipe boa de advogados, que eu posso pagar graças ao Pix que as pessoas doaram para mim há um ano e pouco atrás, e eles correram com a leitura desse relatório. Terminaram ontem, e deram uma primeira impressão para mim”, relatou.