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Eleições 2020

Bolsonaro quer distância de “oportunistas eleitorais”; aliados pressionam por apoio

Bolsonaro tem cumprido agenda de visitas e inaugurações em estados: ritmo de campanha, mas de olho em 2022 e não 2020.
Bolsonaro tem cumprido agenda de visitas e inaugurações em estados: ritmo de campanha, mas de olho em 2022 e não 2020. (Foto: Julio Nascimento/PR)

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Alvo de assédio de pré-candidatos a prefeito e a vereador identificados com o bolsonarismo para declarar seu apoio nas disputas eleitorais deste ano, o presidente Jair Bolsonaro tem avisado que não deve se envolver com as campanhas no primeiro turno. Com a extensa programação de viagens do presidente pelo país, assessores do Palácio do Planalto tentam evitar que as visitas sejam usadas como palanques para políticos locais.

Segundo a reportagem apurou, a orientação da equipe presidencial é ter atenção redobrada com o que chamam de "oportunistas eleitorais", evitando que Bolsonaro apareça em fotos e vídeos que possam ser apresentados à população como um endosso a determinado candidato. Por outro lado, o presidente, que já mira uma reeleição, não pode correr o risco de desagradar a apoiadores.

A decisão de Bolsonaro de não mergulhar em disputas municipais é baseada no cálculo político de que a derrota de um apadrinhado possa ser debitada de sua conta como uma rejeição a ele. O presidente alcançou o maior índice de aprovação desde que assumiu o mandato, segundo pesquisa do Instituto Datafolha divulgada na semana passada.

O chefe do Executivo também quer evitar o que ocorreu nas eleições de 2018, quando diversos deputados e senadores se elegeram com a bandeira do bolsonarismo, mas depois romperam com o governo.

A apoiadores que lhe pedem para gravar declarações favoráveis a algum candidato, o presidente tem dito que poderá entrar na campanha apenas no segundo turno, principalmente em cidades em que haja a possibilidade de a esquerda assumir o poder. Por outro lado, pessoas próximas destacam que ele pode abrir algumas exceções para candidatos de extrema confiança, como é o caso do deputado estadual Bruno Engler (PSL-MG), pré-candidato a prefeito em Belo Horizonte.

No Rio de Janeiro, até agora a tendência é Bolsonaro não encampar a reeleição do prefeito Marcelo Crivella, candidato do Republicanos, legenda que passou a abrigar seus filhos, o senador Flávio e o vereador Carlos. Interlocutores de Flávio dizem que o senador também deverá evitar apoios muito enfáticos. Só mudará a postura a pedido do pai.

Em Maricá, região metropolitana do Rio, o pré-candidato a prefeito Cesar Augusto (PMN), o Cesinha, faz questão de ressaltar que apoia Bolsonaro desde 2012. Ele tem usado fotos de encontros em eventos públicos para se lançar como um candidato que está do lado do presidente e de suas bandeiras, mas a expectativa era poder contar com um endosso mais explícito. "Se o presidente disse que não podemos usar o nome dele, não vamos usar. Só ficaremos magoados", disse Cesinha.

Bolsonaro adota ritmo de campanha em viagens

Logo após se recuperar da Covid-19, Bolsonaro iniciou uma intensa agenda de viagens para inaugurar e visitar obras. Apenas nesta semana, ele passará por três estados. Já esteve em Sergipe, Mato Grosso do Sul e, na sexta-feira (21), vai ao Rio Grande do Norte. Na próxima semana, tem visitas programadas em Minas Gerais e no Paraná. Em todos os locais, o presidente adota ritmo de campanha e comportamento de candidato, recebido por apoiadores.

Foi em uma dessas viagens que o pré-candidato a prefeito em São Paulo, o ex-governador Márcio França (PSB), surgiu ao lado de Bolsonaro em uma agenda em São Vicente, na Baixada Santista. O incômodo foi tanto do lado de partidos da esquerda como de bolsonaristas, que ainda buscam um nome para abraçar na capital.

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