A poucas horas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) retomar o julgamento que pode condená-lo à inelegibilidade, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que vai recorrer da decisão no Supremo Tribunal Federal (STF). Os magistrados realizam nesta sexta (30) a quarta sessão que julga uma ação do PDT contra ele por suposto abuso de poder político por conta da reunião com embaixadores realizada em julho do ano passado.
Bolsonaro afirmou que o julgamento “não tem pé e nem cabeça” e que o TSE não tem base jurídica para cassar o mandato dele.
“O meu advogado, dr. Tarcísio [Vieira], participou do julgamento da chapa Dilma-Temer, e o voto decisivo, de minerva, foi o do Gilmar Mendes. Ele votou pelo arquivamento e falou que a Justiça eleitoral não deve existir pra cassar mandatos, muito menos de presidente. [...] Se costuma, no Brasil, se vê julgamento por corrupção e outras coisas. Pela primeira vez, abuso de poder político. Vou conversar com meus advogados e o recurso vai para o STF”, disse em entrevista à Rádio Itatiaia.
Com base na afirmação de Gilmar Mendes, o ex-presidente criticou a cassação do mandato do deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR), neste ano, e de Fernando Francischini (PSL-PR) em 2018, e que o mesmo pode vir a ocorrer com outros parlamentares.
O ex-presidente voltou a afirmar que só realizou a reunião com embaixadores para falar do sistema eleitoral brasileiro após o ministro Edson Fachin também encontrar os representantes dois meses antes.
“Discuti o inquérito da Polícia Federal aberto na primeira semana de novembro de 2018, após minha eleição, que investigava uma denúncia muito bem fundamentada de fraude nas eleições. [...] Estou sendo julgado por um inquérito aberto até hoje”, afirmou. A denúncia foi esclarecida pelo TSE, que atestou serem íntegros os resultados das eleições de 2018.
Bolsonaro ainda criticou a atuação do TSE durante a campanha eleitoral do ano passado, em que sofreu diversas representações da oposição por materiais usados na propaganda.
“É justo? Pode o TSE me impedir de divulgar imagens do Sete de Setembro? De divulgar foto do Lula com boné CPX na cabeça? Ele foi se reunir com a nata do quê no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro? Lá eu não tenho coragem de entrar nem no caveirão da PM!”, disparou citando a ida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à comunidade carioca em outubro do ano passado.
Para ele, a atuação do tribunal foi parcial durante a campanha: “agora, divulgaram barbaridades a meu respeito sem interferência do TSE”, completou.
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