O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participou, na noite desta quarta (19), de um jantar promovido pelo PL um dia depois de ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. O evento ocorreu em local não divulgado e sem acesso à imprensa.
Durante o evento, segundo gravações divulgadas nas redes sociais, o ex-presidente foi recebido aos gritos de “mito” e “volta Bolsonaro”, além de um coro que cantava “vamos pra rua pra derrubar o PT”, em referência ao protesto marcado para o dia 16 de março contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pela anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023.
Em outro momento do coro, os convidados também gritaram “Bolsonaro vem aí e o bicho vai pegar”. O ex-presidente, no entanto, está inelegível para concorrer na eleição presidencial de 2026.
O jantar foi realizado para marcar a abertura do 1º Seminário Nacional de Comunicação do partido, que será realizado nos dias 20 e 21 de fevereiro. Estiveram presentes, entre os convidados, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN).
Tanto Bolsonaro quanto Valdemar foram indiciados pela Polícia Federal (PF) em novembro do ano passado e estão proibidos de manter contato com outros investigados no caso. A realização do jantar faz parte da estratégia do PL para fortalecer a presença nas redes sociais e aprimorar a comunicação interna.
A denúncia da PGR, assinada pelo procurador-geral Paulo Gonet, envolve Bolsonaro e outras 33 pessoas, acusadas de supostamente planejar um golpe para impedir a posse de Lula. Se condenados, os réus podem somar penas de até 43 anos de prisão.
O grupo foi denunciado pelos crimes de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa, dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
“A organização tinha por líderes o próprio Presidente da República e o seu candidato a Vice-Presidente, o General Braga Neto. Ambos aceitaram, estimularam, e realizaram atos tipificados na legislação penal de atentado contra o bem jurídico da existência e independência dos poderes e do Estado de Direito democrático”, disse o procurador-geral.
No documento, a PGR também afirma que Bolsonaro sabia de um suposto plano para assassinar autoridades, chamado “Punhal Verde Amarelo”. Segundo Gonet, “os membros da organização criminosa estruturaram, no âmbito do Palácio do Planalto, plano de ataque às instituições, com vistas à derrocada do sistema de funcionamento dos Poderes e da ordem democrática”.
Entre as intenções do grupo, diz, estavam o uso de armas bélicas contra o Moraes e um suposto envenenamento de Lula.
“Outros planos encontrados na posse dos denunciados se somaram a este. Neles se buscava o controle total sobre os três Poderes”, destacou Gonet, mencionando um documento que encerrava com a frase: “Lula não sobe a rampa”.
A decisão sobre o recebimento da denúncia caberá à Primeira Turma do STF, composta pelos ministros Alexandre de Moraes, relator da investigação, Cármen Lúcia, Luiz Fux, Cristiano Zanin e Flávio Dino. O grupo analisará se há indícios suficientes para tornar Bolsonaro e os demais investigados réus. Dentro da Polícia Federal, a expectativa é que a denúncia seja aceita até o fim de março.
Caso o STF aceite a acusação, será aberta uma ação penal, fase em que os réus poderão se defender formalmente. No julgamento final, o Supremo decidirá pela absolvição ou condenação dos envolvidos. Durante todo o processo, Moraes seguirá como relator e responsável pela condução do caso.
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