Após uma declaração do presidente Jair Bolsonaro ter derrubado as ações do Banco do Brasil ao longo desta segunda-feira (29), o porta-voz da Presidência, general Otávio do Rêgo Barros, afirmou que o governo não quer interferir nas taxas de juros do banco.
"Obviamente que o presidente não quer e não intervirá em aspectos que estejam relacionados a juros dos bancos que estão em tese sob o guarda-chuva do governo", afirmou Rêgo Barros.
As ações do Banco do Brasil caíram nesta segunda depois de Bolsonaro fazer um apelo público para que a instituição reduza os juros para o setor agropecuário.
Bolsonaro fez o pedido ao presidente da estatal, Rubem Novaes, durante a Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), feira do setor agropecuário realizada em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo).
A fala foi precedida de uma afirmação do presidente de que o homem do campo "precisa de ajuda dos administradores, não apenas que o Estado atrapalhe".
"Agradeço aqui, o nosso prezado Rubem Novaes, presidente do Banco do Brasil, que traz R$ 1 bilhão para investir nessa área. Eu apenas apelo, me deixe fazer uma brincadeira aqui, apenas apelo para o seu coração, para o seu patriotismo, para que esses juros, tendo em vista você parecer um cristão de verdade, caiam um pouquinho mais", disse o presidente, que foi aplaudido pelos ruralistas presentes à Arena do Conhecimento, espaço da Agrishow que sediou a abertura da feira agrícola.
Em seguida, Bolsonaro afirmou ter certeza "que as nossas orações tocarão seu coração", referindo-se a Novaes.
Com a fala sobre juro, as ações da companhia, que registravam alta nesta manhã, caíram cerca de 1%, mas voltaram a subir registrando leve alta no fechamento das negociações.
Rêgo Barros afirmou que se a fala de Boslonaro foi criticada "foi uma falta de oportunidade de evitar a crítica".
"Quando o presidente fez esse comentário estava num ambiente muito amigável", afirmou, negando que a fala tenha sido feita num tom de cobrança.
Essa não é a primeira vez que ele interfere em ações do banco público.
Na semana passada, Bolsonaro já havia interferido na instituição com o veto à propaganda da empresa votada ao público jovem. Para analistas do mercado, a intervenção não trouxe impactos imediatos para o banco.
Questionado sobre se o veto não seria uma intervenção do governo numa estatal, Rêgo Barros negou.
"Ao contrário. Quando você estabelecer politicas estratégias e planos é porque você confia na ponta da linha. A política tem uma estratégia ampla, a estratégia é como executar a política e o plano é o dia a dia da elaboração da efetiva execução da propaganda", afirmou.