Após participar do desfile militar em celebração ao bicentenário da Independência do Brasil neste feriado de 7 de Setembro, o presidente Jair Bolsonaro (PL) discursou de um trio elétrico para milhares de apoiadores em uma manifestação que ocorre nas proximidades da Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Confira abaixo a íntegra do discurso.
Em sua fala, o presidente defendeu a liberdade e lembrou as dificuldades da pandemia e da guerra da Ucrânia, afirmando que o Brasil agora está conseguindo recuperar sua economia. Nesse aspecto, ele também citou o Auxílio Brasil e as recentes quedas dos preços dos combustíveis.
Bolsonaro ainda disse que o Brasil é um país majoritariamente cristão, que defende a vida desde a concepção.
"Somos uma pátria majoritariamente cristã que não quer a liberação das drogas, que não quer legalização do aborto, que não admite a ideologia de gênero, um país que defende a vida desde a concepção, que respeita as crianças dentro da sala de aula, que respeita a propriedade privada e que combate a corrupção para valer. Isso não é virtude, é obrigação de qualquer chefe do Executivo", afirmou.
Antes do início oficial do desfile, Bolsonaro percorreu a pé a Esplanada e saudou os manifestantes que ocupavam as arquibancadas. Naquele momento, o presidente mostrou aos seus apoiadores uma bandeira com os dizeres “Brasil sem aborto”, recebida por um manifestante presente na Esplanada.
Sem mencionar os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente falou, em tom de campanha, sobre "jogar dentro das quatro linhas da constituição" e voltou a falar em luta "do bem contra o mal", em referência ao Partido dos Trabalhadores.
"É obrigação de todos jogarem dentro das quatro linhas da constituição. Com a minha reeleição, nós traremos para as quatro linhas todos aqueles que ousam ficar fora dela", disse o presidente, que tinha ao seu lado o empresário Luciano Hang, que foi alvo da operação contra empresários autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes no final do mês passado.
"Sabemos que temos pela frente uma luta do bem contra o mal, um mal que perdurou por 14 anos em nosso país, que quase quebrou a nossa pátria e que agora deseja voltar à cena do crime. Não voltarão. O povo está do nosso lado. O povo está do lado do bem. O povo sabe o que quer", disse, em referência ao embate contra o petista Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições deste ano.
Ainda sobre o adversário petista, Bolsonaro acrescentou: "Governaram o Brasil por 14 anos e agora querem voltar à cena do crime. Não voltarão”.
O presidente também fez uma crítica ao instituto de pesquisa Datafolha, que mostrou, na última quinta-feira (1º) o ex-presidente Lula à frente da corrida eleitoral. "Aqui não tem a mentirosa Datafolha. Aqui é o nosso 'datapovo'", disse o presidente. “Vamos todos votar, vamos convencer aqueles que pensam diferente de nós, convencê-los do que é melhor para o Brasil”.
Após o fim do desfile e a fala de Bolsonaro, a manifestação perdeu força e a maior parte dos participantes do ato já deixou a Esplanada dos Ministérios. Alguns trios elétricos permanecem no local, sob a expectativa de retomar os atos no período da tarde.
Governador do DF é vaiado por manifestantes
Manifestantes em um trio elétrico utilizado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) puxaram gritos contra o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), nos atos finais da manifestação em Brasília nesta quarta-feira (7).
O "fora Ibaneis" foi entoado como protesto à decisão do governador de pedir que os trios elétricos que ocupam a Esplanada dos Ministérios deixem o local e só retornem à via na tarde desta quarta. A expectativa dos manifestantes pró-Bolsonaro era a de emendar a mobilização com o desfile comemorativo ao Bicentenário da Independência, que aconteceu na manhã desta quarta.
Ibaneis é aliado de Bolsonaro e tem em sua chapa a ex-ministra Flávia Arruda (PL), que é candidata ao Senado.
Ato em Brasília é pacífico
A mobilização em Brasília transcorreu de forma pacífica. Manifestantes portavam bandeiras, faixas e camisas com a bandeira do Brasil ou o rosto de Bolsonaro, com dizeres que emulavam slogans do presidente, como “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. Candidatos a deputado federal e distrital alinhados com o presidente da República também aproveitavam o ato para fazer campanha, sozinhos ou acompanhados de equipes. Um dos “santinhos” distribuídos pela Esplanada foi o da candidata ao Senado Damares Alves (Republicanos), ex-ministra de Bolsonaro e que concorre contra Flávia Arruda (PL), também ex-integrante do primeiro escalão do governo.
Bolsonaro percorreu parte da Esplanada a pé antes do início oficial do desfile. Fez o trajeto acompanhado de seguranças e do empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan, e um dos seus principais apoiadores.
Algumas das faixas - parte delas posicionadas em local de destaque nas arquibancadas - pediam que Bolsonaro acionasse “as Forças Armadas” contra o Supremo Tribunal Federal (STF). Bandeiras com este teor chamavam o STF de “câncer do Brasil” e pediam a criminalização de comunismo e socialismo no país.
O STF foi um alvo mais visado pelos manifestantes do que adversários que encararão Bolsonaro nas urnas, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e as forças de esquerda. As maiores menções a Lula ocorreram com os gritos de “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão”, que já virou um clássico nos atos antipetistas.
Públicos de desfile e ato pró-Bolsonaro se confundiram
A manifestação e a celebração do Bicentenário da Independência tiveram o mesmo público. As pessoas que foram ver a parada cívica eram, em sua quase totalidade, apoiadores de Bolsonaro, o que demonstravam por meio de faixas, camisetas e pelos cânticos entoados no decorrer da celebração.
Muitos defensores do presidente também expunham suas cidades de origem por meio de faixas, camisetas e bandeiras. A reportagem da Gazeta do Povo identificou apoiadores de estados como Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Goiás e Santa Catarina.
No período da tarde, embora a Esplanada ainda esteja destinada aos manifestantes, o ato esvaziou e um dos trios elétricos recebeu a apresentação de uma dupla sertaneja, que entoou clássicos do gênero como “Evidências” e “Pão de mel”.
A agenda de Bolsonaro neste 7 de Setembro
Após falar com apoiadores em Brasília, o presidente deixou a Esplanada para ir à Base Aérea de Brasília, onde decolou para o Rio de Janeiro. A expectativa de organizadores e de integrantes do comitê da campanha de Bolsonaro é de que o presidente também faça um discurso na manifestação marcada para esta tarde na capital fluminense.
Antes, Bolsonaro participará de uma cerimônia comemorativa dos 200 anos de Independência do Brasil na Avenida Atlântica, na altura da Avenida Rainha Elizabeth, em Copacabana. A expectativa é de que ele chegue ao local por volta das 15h.
Após a solenidade cívico-militar oficial de celebração ao Bicentenário da Independência, Bolsonaro irá ao trecho da Avenida Atlântica onde estarão concentrados os movimentos de rua que convocaram a manifestação popular em Copacabana. Haverá um trio específico onde o presidente subirá e discursará aos manifestantes. Desse mesmo local, há expectativa de que ele fale ao público na Avenida Paulista por meio de ligação telefônica.
Íntegra do discurso de Bolsonaro em Brasília
"Brasil terra prometida, Brasil, um pedaço do paraíso, a alegria de ser brasileiro, orgulho de ter nascido nessa terra. Cores preferidas: o verde e amarelo. O nosso objetivo: a liberdade eterna. Tenho certeza, mais do que oxigênio, a nossa liberdade é essencial para a nossa vida. Nenhum país do mundo tem o que nós temos, temos tudo para sermos mais felizes ainda. Pode ter a certeza, com a graça de Deus, que me deu uma segunda vida e pela missão que me deu de comandar esse país, nós atingiremos junto o nosso objetivo.
Hoje vocês têm um presidente que acredita em Deus, que respeita seus policiais e seus militares, um governo que defende a família e um presidente que deve lealdade ao seu povo. Vocês sabem a beira do abismo que o Brasil se encontrava há poucos anos, atolado em corrupção desmandos. Demos uma nova vida a essa esplanada dos ministérios, com pessoas competentes, honradas e patriotas. Começamos a mudar o nosso Brasil.
Veio uma pandemia, lamentamos as mortes, veio aquela errada política do 'fica em casa que a economia a gente vê depois'. Enfrentamos também consequências de uma guerra lá fora. Tudo parecia perdido para o mundo. Eis que o Brasil ressurge, uma economia pujante com uma gasolina das mais baratas do mundo, um dos programas sociais mais abrangentes do mundo que é o Auxílio Brasil, com recorde na criação de empregos, com a inflação despencando, com um povo maravilhoso e entendo aonde o seu país poderá chegar.
Somos uma pátria majoritariamente cristã que não quer a liberação das drogas, que não quer legalização do aborto, que não admite a ideologia de gênero, um país que defende a vida desde a concepção, que respeita as crianças dentro da sala de aula, que respeita a propriedade privada e que combate a corrupção para valer. Isso não é virtude, é obrigação de qualquer chefe do Executivo.
Sabemos que temos pela frente uma luta do bem contra o mal. O mal que perdurou por 14 anos em nosso país e quase quebrou a nossa pátria e que agora deseja voltar à cena do crime. Não voltarão, o povo está do nosso lado, do lado do bem.
A vontade do povo se fará presente no próximo dia 2 de outubro. Vamos todos votar, vamos convencer aqueles que pensam diferente de nós, vamos convencê-los do que é melhor para o nosso Brasil. Podemos fazer várias comparações, até entre as primeiras-damas. Não há o que discutir, uma mulher de Deus, família e ativa na minha vida. Não é ao meu lado não, muitas vezes ela estava é na minha frente. E até falado para os homens solteiros, para os solteiros que estão cansados de serem infelizes: procurem uma mulher, uma princesa, se casem com ela, para ser mais felizes ainda.
Obrigado, meu Deus, pela minha segunda vida, obrigado pela missão.
Imbrochável, imbrochável, imbrochável, imbrochável, imbrochável.
Obrigado pela minha segunda vida, pela missão que me deste, pelas mãos de 58 milhões de pessoas, para estar à frente do Executivo Federal. A missão não é fácil, sabemos que é difícil. Mas, sempre dei um pedido a Ele: mais que sabedoria, tenho pedido força para resistir e coragem para decidir.
Pode ter certeza, é obrigação de todos jogarem dentro das quatro linhas da nossa Constituição. Com uma reeleição, nós traremos para dentro dessas quatro linhas todos aqueles que ousam ficar fora delas. Com certeza, nessa Esplanada, aqui a origem das leis que mudam nosso país. Muito feliz, ter ajudado chegar até vocês a verdade. Também, demonstrado para vocês que o conhecimento também liberta.
Hoje, todos sabem quem é o Poder Executivo. Hoje, todos sabem o que é Câmara dos Deputados. Todos sabem o que é o Senado Federal. E também, todos sabem o que é o Supremo Tribunal Federal. A voz do povo é a voz de Deus. Todos nós podemos, todos nós nos aperfeiçoamos, todos nós poderemos ser melhores no futuro.
Muito obrigado, meu Deus, por esse momento, por mais esse momento, junto com o povo aqui na Esplanada dos Ministérios. Nunca vi um mar tão grande aqui com essas cores da bandeira.
Aqui, não tem a mentirosa Datafolha. Aqui é o nosso Datapovo. Aqui é a verdade. Aqui é a vontade de um povo honesto, livre e trabalhador.
Daqui a pouco, eu embarco para o Rio de Janeiro. Estarei na praia de Copacabana participando de um evento semelhante a esse, evento que une os brasileiros dos quatro cantos do país. Evento onde, entre nós, não há qualquer diferença. Somos todos iguais.
Todos nós queremos o bem da nossa pátria, o bem do nosso país. Tenho certeza que juntos, em outubro, daremos mais um grande passo para o futuro do nosso país e das nossas famílias.
Muito obrigado a todos vocês pela oportunidade, pela confiança, pelo carinho e pelo calor. A recíproca é verdadeira. Muito obrigado, mais uma vez. E até a vitória. Brasil acima de tudo."
Metodologia da pesquisa citada
O Datafolha entrevistou 5.734 eleitores entre os dias 30 de agosto e 1º de setembro em 285 municípios brasileiros. O levantamento foi contratado pelo jornal Folha de S. Paulo e pela TV Globo e está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o protocolo BR-00433/2022. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.
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