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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, neste sábado (16), que é perseguido por ser "paralelepípedo no sapato da esquerda" e que não tem medo de julgamento, "desde que juízes sejam isentos". A afirmação foi feita durante participação no lançamento da pré-candidatura de Alexandre Ramagem (PL) à prefeitura do Rio.
"Eu poderia muito bem estar em outro país, mas decidi voltar para cá com todo o risco. Não tenho medo de qualquer julgamento, desde que os juízes sejam isentos. Ramagem trabalhou comigo, fez um excelente trabalho, deixou sua marca. E obviamente, quando se lança pré-candidato, o mundo cai na cabeça dele, como vem caindo na minha, porque sou um paralelepípedo no sapato da esquerda", afirmou Bolsonaro.
No discurso feito, o ex-presidente não cita o Supremo Tribunal Federal (STF), mas a declaração pode ser vista como uma menção sutil às investigações das quais ele tem sido alvo. Na sexta-feira (15), o ministro do STF Alexandre de Moraes tirou o sigilo dos depoimentos de militares que foram ouvidos na operação Tempus Veritatis, que mira Bolsonaro, membros das Forças Armadas e aliados do ex-presidente. As investigações tentam ligar Bolsonaro a uma suposta tentativa de golpe de Estado.
O ato deste sábado aconteceu na quadra da Mocidade Independente de Padre Miguel, na zona oeste do Rio de Janeiro. Bolsonaro tem percorrido cidades nas últimas semanas com a intenção de demonstrar apoio a candidatos do PL. Desde que foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-presidente tem apostado na estratégia de lançar candidatos para as eleições municipais deste ano.
Ramagem é a aposta de Bolsonaro para prefeitura do Rio
Ramagem foi presidente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão de Bolsonaro. Ele é o nome do Partido Liberal (PL), legenda de Bolsonaro, para disputar a prefeitura fluminense com Eduardo Paes (PSD), candidato apoiado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A disputa também conta com outros nomes, como Tarcísio Mota (Psol).
A candidatura de Ramagem, apesar do apoio do ex-presidente, foi questionada dentro do PL. Ramagem é alvo da Polícia Federal em uma investigação por suposta associação criminosa. Investigações dão conta que jornalistas, advogados, políticos e adversários do governo do ex-presidente foram monitorados ilegalmente por um grupo de agentes da agência.