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Bolsonaro na abertura da assembleia-geral da ONU.
Bolsonaro na abertura da assembleia-geral da ONU.| Foto: Don Emmert/AFP

O presidente Jair Bolsonaro discursou nesta terça-feira (24), em Nova York (EUA), na abertura da assembleia-geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Bolsonaro atacou o socialismo, o PT, Cuba, Venezuela, a imprensa, o ambientalismo radical, e defendeu a posição do atual governo sobre a Amazônia. O presidente também criticou o politicamente correto e a invasão da ideologia na cultura e na educação. Ele também disse que o Brasil defende os direitos humanos, a democracia e a liberdade de expressão religiosa e de imprensa. Bolsonaro ainda elogiou o ministro da Justiça, Sergio Moro: "um símbolo do nosso país".

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Bolsonaro começou atacando os governos esquerdistas da América Latina e falando da "oportunidade de restabelecer a verdade" que está tendo. "Meu país esteve muito próximo do socialismo", afirmou, destacando os índices de criminalidade, a crise econômica e o ataque aos valores familiares que aumentaram durante os governos petistas.

Falou sobre o fim do programa Mais Médicos, que, segundo ele, contribuía para promover a ditadura em Cuba. Além disso, criticou o governo venezuelano. "O socialismo está dando certo na Venezuela. Todos estão pobres e sem liberdade", disse. "Temos feito a nossa parte para ajudar, através da Operação Acolhida, elogiada mundialmente".

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Logo depois, falou da questão amazônica e dos "ataques sensacionalistas que sofremos por grande parte da mídia". Ressaltou a importância da soberania do Brasil sobre a região amazônica. "É uma falácia dizer que a Amazônia é um patrimônio da humanidade e um equívoco afirmar que nossa floresta é o pulmão do mundo"

Atacou o presidente da França, Emmanuel Macron, referindo-se à sugestão que o francês fez sobre a necessidade de dar um status internacional à Amazônia, e agradeceu ao presidente Donald Trump como alguém que respeita "a liberdade e a soberania de cada um de nós". "É preciso entender que os nossos nativos são seres humanos, que querem usufruir dos mesmos direitos e deveres de cada um de nós", disse.

Falou sobre as tribos indígenas e suas tradições, e afirmou que alguns líderes indígenas, como o cacique Raoni, são usados como peças de manobras por grandes forças estrangeiras, que querem "manter nossos índios como verdadeiros homens das cavernas". "Os que nos atacam não estão preocupados com o ser humano índio, mas sim com as riquezas minerais."

Bolsonaro falou da presença em sua comitiva da indígena Ysani Kalapalo, e afirmou que ela será uma liderança da questão indígena no Brasil a partir de agora. "Acabou o monopólio do senhor Raoni", disse o presidente. Na segunda-feira, um dia antes do discurso, Bolsonaro apareceu publicamente com um colar indígena no hotel em que está hospedado. De acordo com a Folha de S.Paulo, o adereço foi dado de presente por Kalapalo. A presença dela evidencia a importância da pauta da Amazônia para a participação do Brasil na assembleia-geral.

Bolsonaro atribuiu a polêmica sobre as queimadas da Amazônia a informações equivocadas da imprensa. "Não deixem de conhecer o Brasil. Ele é muito diferente daquele estampado em muitos jornais e televisões", afirmou.

O presidente ressaltou que "61% do nosso território é preservado" e que sua política de tolerância zero contra a criminalidade engloba os crimes ambientais. "A França e a Alemanha, por exemplo, usam mais de 50% de seus territórios para agricultura. Já o Brasil usa apenas 8% de terras para a produção de alimentos", afirmou. O presidente também criticou o que considera ser um "ambientalismo radical".

Bolsonaro disse que o Brasil "reafirma seu compromisso intransigente com os mais altos padrões de direitos humanos, com a defesa da democracia e da liberdade de expressão religiosa e de imprensa". Segundo ele, esse é um compromisso que caminha junto com o combate à corrupção e à criminalidade, "demandas urgentes da sociedade brasileira". Nesse ponto, exaltou o "patriotismo, perseverança e coragem" do ministro Sergio Moro, "um símbolo do nosso país".

Bolsonaro destacou a forte diminuição nos índices de violência do Brasil no início de seu mandato. "Conseguimos reduzir em mais de 20% o número de homicídios nos seis primeiros meses do meu governo", disse, acrescentando que as apreensões de cocaína e outras drogas atingiram níveis recordes.

Bolsonaro na ONU: liberdade religiosa ganha destaque no discurso

O presidente sugeriu a criação de um dia internacional em memória das vítimas de atos de violência baseada em religião ou crença. "Nessa data, recordaremos anualmente aqueles que sofrem as consequências nefastas da perseguição religiosa", afirmou.

Nas últimas semanas, o Brasil tem discutido com os EUA e outros países a fundação de uma Aliança Internacional para Liberdade Religiosa. Nesse sentido, o tema da liberdade religiosa foi abordado de forma extensa pelo presidente.

"A perseguição religiosa é um flagelo que devemos combater de forma incansável. Nos últimos anos, vimos em diferentes regiões ataques covardes que vitimaram os fiéis congregados em igrejas, sinagogas e mesquitas. O Brasil condena energicamente todos esses atos e está pronto a colaborar com outros países para a proteção daqueles que se veem oprimidos por causa de sua fé."

Uma preocupação especial do Brasil, segundo o presidente, é "a crescente perseguição, a discriminação e a violência contra missionários e minorias religiosas em diferentes regiões do mundo".

Politicamente correto e ideologias

Bolsonaro atacou a invasão da ideologia na cultura e na educação, criticou o domínio do politicamente correto sobre o debate público e atribuiu o ataque que sofreu de Adélio Bispo de Oliveira à influência de ideologias.

"A ideologia invadiu a própria alma humana para dela expulsar Deus e a dignidade com que Ele nos revestiu", afirmou. "Com esses métodos, essa ideologia sempre deixou um rastro de morte, ignorância e miséria por onde passou. Sou prova viva disso. Fui covardemente esfaqueado por um militante de esquerda e só sobrevivi por um milagre de Deus", disse o presidente.

É a primeira participação de Bolsonaro numa assembleia-geral da ONU, tradicionalmente aberta pelos representantes do Brasil nas Nações Unidas.

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Secretário-geral da ONU fala sobre sobre aquecimento global e Venezuela

Antes do discurso do presidente brasileiro, o secretário-geral da ONU, António Guterres, apresentou algumas preocupações das Nações Unidas em relação ao mundo, entre elas o aquecimento global e a crise dos refugiados da Venezuela.

Afirmou que a ONU teme a possibilidade de uma nova corrida armamentista – em agosto, Rússia e Estados Unidos saíram do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário, assinado na Guerra Fria em 1987. Lembrou a tensão no Golfo Pérsico, após os ataques recentes a instalações petrolíferas sauditas, que têm sido atribuídos ao Irã. Em referência aos Estados Unidos e à China, disse que teme uma fratura que divida o mundo em dois, devido à escalada da disputa comercial entre os dois.

O tema da assembleia-geral deste ano é "Reunir esforços multilaterais para erradicação da pobreza, educação de qualidade, ações climáticas e inclusão".

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