Em pronunciamento no Palácio do Planalto, o presidente da República Jair Bolsonaro negou interferências na Polícia Federal em resposta às acusações feitas por Sergio Moro em seu anúncio de saída do Ministério da Justiça. Bolsonaro afirmou que é atribuição da presidência fazer a nomeação da diretoria-geral da PF e destacou: "não preciso pedir autorização para ninguém", em alusão à exoneração de Maurício Valeixo da instituição, publicada nesta sexta-feira (24) no Diário Oficial da União.
Acompanhado de diversos ministros, o presidente discursou por cerca de 45 minutos e começou sua fala afirmando sobre seu ex-ministro que “uma coisa é admirar uma pessoa, outra é conviver com ela”. O presidente revelou que tomou café com quadros do governo nesta manhã e teria dito a eles: "hoje vocês vão conhecer quem realmente não me quer na cadeira presidencial, esse alguém não está no judiciário nem no legislativo, vocês vão conhece-lo às 11h da manhã", horário em que Moro anunciou seu desembarque do Planalto.
Bolsonaro disse lamentar "acusações infundadas" feitas por Moro e que elas irão "deslustrar a tão defendida biografia" do ex-juiz da Lava Jato. O presidente da República negou que a qualquer momento tenha pedido para ser blindado pela PF, mas revelou ter feito uma série de pedidos com relação a investigações e questionou: "será que é interferir na Polícia Federal quase que exigir, implorar a Sergio Moro, que apure quem mandou matar Jair Bolsonaro? A PF de Sergio Moro mais se preocupou com Marielle [Franco] do que com seu chefe supremo", emendou, ao citar as investigações da morte da vereadora do Rio.
Sobre a exoneração de Valeixo, que teria motivado a decisão do Moro, o presidente afirmou que o então diretor-geral da PF já havia comunicado que estava cansado e que desejava deixar o posto; teria ainda concordado com a demissão em ligação telefônica na noite desta quinta (23) - por isso aparece como tendo sido exonerado "a pedido" no D.O.U.
Atritos
No decorrer do pronunciamento, Bolsonaro deu a entender que a saída de Moro do governo pode ter passado pelo distanciamento de interesses e pontuou cobranças feitas a ele com relação à condução da pasta, apesar de o presidente insistir que não interferiu no trabalho do ministro.
Dentre as declarações feitas sobre Moro, Bolsonaro o classificou como um "ministro, infelizmente, desarmamentista" e afirmou que quem está em seu governo tem a obrigação de conduzir os ministérios de acordo com o que foi defendido durante a campanha que o colocou na presidência. Para Bolsonaro, o ex-ministro da Justiça tem "um compromisso consigo próprio, com seu ego, e não com o Brasil".
Jair Bolsonaro fez ainda uma acusação contra o ex-ministro, que teria sugerido trocar a indicação de comando da PF por uma vaga no STF. Segundo o presidente, Moro teria afirmado que ao chefe do Executivo que ele poderia "tirar Valeixo, sim, mas em novembro, depois que o senhor me indicar para o Supremo Tribunal Federal".
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