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Sucessão presidencial

Quais partidos podem apoiar Bolsonaro em 2022 e o que está em jogo nas negociações

Bolsonaro cumprimenta apoiadores
O presidente Bolsonaro cumprimenta apoiadores: ele também está em busca de apoio de partidos para 2022. (Foto: Alan Santos/PR)

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Com as negociações adiantadas para se filiar ao Patriota, o presidente Jair Bolsonaro também já conversa com outros partidos para a composição de uma chapa para a disputa presidencial de 2022. Com a possibilidade de migrarem para um partido nanico e com pouca verba do fundo eleitoral, os aliados do presidente veem nas alianças partidárias a garantia de estrutura de campanha para o ano que vem.

Durante a reunião do Patriota que confirmou a filiação do senador Flávio Bolsonaro (RJ), o filho do presidente disse que vai trabalhar por uma coalizão com PP, PTB, PL, Republicanos, PSL e outras legendas. “Essas alianças deverão fazer parte desta nova etapa do Brasil”, disse Flávio Bolsonaro.

Aliança com o PP é a mais estratégica para Bolsonaro

Nessa articulação, o PP seria o principal aliado do presidente. O partido, que é presidido pelo senador Ciro Nogueira (PI), integrante da base do governo dentro da CPI da Covid, conta também com o presidente da Câmara, Arthur Lira (AL).

Nas eleições municipais do ano passado, o PP venceu a disputa em 685 prefeituras, um ganho de 190 prefeituras em relação às 495 que tinha. A força do partido é percebida principalmente no Sul e no Nordeste, o que deve favorecer a alianças para garantir palanque a Bolsonaro na disputa presidencial nessas regiões.

Nas eleições de 2020, o PP contou com mais de R$ 140 milhões para financiar seus candidatos. O montante é 80% maior que os cerca de R$ 27 milhões recebidos pelo Patriota. A distribuição da verba varia de acordo com os votos obtidos na última eleição geral para a Câmara dos Deputados, em uma lista com 23 partidos. O orçamento para financiar a campanha de 2020 foi de cerca de R$ 2 bilhões. Já o valor para a disputa do ano que vem ainda depende de aprovação pelo Congresso.

Ciro Nogueira é pré-candidato ao governo do Piauí e vem construindo alianças na região no intuito de enfraquecer o grupo do atual governador Wellington Dias (PT). Com isso, Nogueira pretende garantir palanque para Bolsonaro em um dos principais redutos eleitorais do ex-presidente Lula.

Em outra frente, o PP ainda tenta atrair três ministros do governo Bolsonaro. A filiação do titular das Comunicações, Fábio Faria (de saída do PSD),está adiantada e deve ser oficializada em breve. A legenda tenta atrair também Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Tereza Cristina (Agricultura).

Deputado federal licenciado pelo Rio Grande do Norte, Fábio Faria passou a buscar uma nova legenda, depois que o presidente do PSD, Gilberto Kassab, descartou apoiar a reeleição de Bolsonaro. O ministro das Comunicações é apontado como possível nome a entrar como vice na chapa presidencial, o que seria de interesse dos integrantes do PP mais alinhados ao governo.

Já o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, está sem legenda desde que foi expulso pelo Novo em 2020. Prestigiado pelo governo, Salles pretende disputar novamente uma cadeira na Câmara dos Deputados. O chefe da pasta chegou a concorrer em 2018, mas acabou não se elegendo.

A ministra Tereza Cristina analisa sua situação no DEM, que passa por uma debandada de integrantes desalinhados ao presidente da sigla, ACM Neto. A chefe da pasta da Agricultura pretende disputar uma cadeira no Senado no próximo ano e estaria estudando as possibilidades de migrar para o PP, segundo aliados de Ciro Nogueira.

Aliança com PSL pode garantir financiamento de bolsonaristas

Apesar de ter rompido com o PSL ainda em 2019, o presidente Jair Bolsonaro mantém interlocução com dirigentes da sigla. Um retorno do presidente ao partido chegou a ser cogitado. Mas a ala opositora a Bolsonaro tem resistido a essa possibilidade.

Com a maior bancada da Câmara juntamente com o PT, o PSL também terá tempo de TV e a maior fatia do fundo eleitoral do ano que vem. Na disputa municipal, por exemplo, o partido ganhou quase R$ 195 milhões.

Temendo um revés nas urnas em 2022, deputados aliados do governo têm defendido a possibilidade de aliança com o PSL para garantia de financiamento de suas campanhas. Reservadamente, alguns parlamentares argumentam que esse seria o melhor caminho para manutenção de suas bases eleitorais.

Dos atuais 53 deputados do PSL, ao menos 30 já sinalizaram a intenção de acompanhar o presidente na filiação ao Patriota. No entanto, com a possibilidade de aliança, parte desses parlamentares já demonstraram que poderão se manter na legenda.

Na contramão, essa composição para 2022 deverá ser regida por diversas condições impostas pelo presidente do PSL, Luciano Bivar, desafeto de Bolsonaro. O grupo liderado por Bivar tem mantido interlocução com outras legendas de centro. E, segundo integrantes do partido, uma possível indicação de um nome para vice em outra chapa presidencial está no balcão de negócios.

Crise em Angola abala relação de Bolsonaro com o Republicanos

Ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, o Republicanos passou recentemente por uma crise na relação com o governo Bolsonaro devido a um entreve diplomático com Angola. Integrantes da Universal foram indiciados em maio por lavagem de dinheiro após denúncias de pastores angolanos.

Integrantes da bancada do Republicanos acusaram o governo Bolsonaro e o Ministério das Relações Exteriores de não intervirem no caso. Após críticas do deputado Marcos Pereira (SP), presidente nacional do partido, o presidente Bolsonaro acabou atuando, e uma missão diplomática ficou de ser enviada ao país africano para gerir a crise.

Apesar do entrave, o líder da Universal, bispo Edir Macedo, pretende manter o pragmatismo e o apoio ao governo Bolsonaro. Integrantes do Republicanos admitem que as críticas foram uma forma de pressão e que o partido não romperia de uma hora para outra com o governo.

Liderados por mensaleiros, PL e PTB reforçam o grupo de aliados

Comandado pelo ex-deputado Roberto Jefferson, o PTB se movimenta para ser um dos principais aliados de Bolsonaro na campanha de reeleição em 2022. O partido chegou a ser cogitado pelo presidente para uma possível filiação. No entanto, as negociações não avançaram.

Faltando mais de um ano para o inicio da campanha, Roberto Jefferson, condenado pelo mensalão, já sinalizou que irá disponibilizar o tempo de propaganda TV e rádio do PTB para a campanha de Bolsonaro. Nas redes sociais, o ex-deputado é um dos principais defensores do governo.

Já o Partido Liberal (PL), comandado pelo também ex-deputado Valdemar Costa Neto, condenado no mensalão como Roberto Jefferson, passou ser cortejado por Bolsonaro nos últimos meses. Para consolidar a aproximação, o governo entregou para a deputada Flávia Arruda (PL-DF) o comando da Secretaria do Governo, responsável pela articulação do Planalto com o Congresso.

Recentemente, Bolsonaro esteve no encontro do PL que confirmou a filiação do governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro. Segundo aliados, o governador fluminense pretende concorrer à reeleição no ano que vem com o apoio do clã Bolsonaro; e sinalizou que irá trabalhar para que o PL esteja na chapa presidencial.

A mesma articulação está sendo feita pelo senador Jorginho Melo (PL-SC), que é pré-candidato ao governo de Santa Catarina. Integrante da base do governo na CPI da Covid, Melo tem atraído bolsonaristas para o partido e recentemente filiou ao PL o secretário nacional da Pesca, Jorge Seif – apelidado de "06" pela proximidade com Bolsonaro, numa alusão à forma como o presidente chama os seus filhos. A articulação visa colocar Seif como candidato ao Senado.

Correção

Diferentemente do informado na primeira versão deste texto, o governador do Piauí não é Flávio Dino (PCdoB) e sim Wellington Dias (PT). Dino é governador do Maranhão. Aos leitores, nossas desculpas pelo equívoco.

Corrigido em 14/06/2021 às 14:37

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