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Com a consolidação da base do governo com o Centrão e a filiação ao Partido Liberal, o presidente Jair Bolsonaro trabalha agora para aprofundar o relacionamento com algumas bancadas temáticas do Congresso com vistas à reeleição em 2022. As frentes parlamentares evangélica, da agricultura e da segurança são parte importante da engrenagem de apoio ao atual chefe do Planalto e foram fundamentais na eleição dele em 2018.
Na semana passada, Bolsonaro reuniu parlamentares evangélicos para comemorar a aprovação de André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal (STF). No encontro, membros da bancada agradeceram o presidente pela indicação à Corte do ex-advogado-geral da União, que é pastor evangélico, e sinalizaram apoio à campanha de reeleição no próximo ano.
A expectativa, segundo integrantes do Planalto, é de que Bolsonaro mantenha o apoio dos evangélicos mesmo diante da ofensiva de outros pré-candidatos, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-juiz Sergio Moro (Podemos). Nos bastidores, o líder petista tem mantido encontro com representantes de comunidades evangélicas, de olho nesse eleitorado, que representa cerca de 30% dos brasileiros. Já Moro tem no ex-procurador Deltan Dallagnol, que é fiel da Igreja Batista, um interlocutor importante junto aos evangélicos.
Apesar disso, Bolsonaro conta até o momento com mais simpatia entre as maiores denominações do segmento religioso e sua pauta conservadora tem mais adesão entre os parlamentares da bancada evangélica. Na avaliação do governo, a maioria dos 105 deputados e 15 senadores que integram a frente estará no palanque de Bolsonaro em 2022.
“O presidente Bolsonaro hoje tem o nosso apoio. A igreja tem orado pelo presidente e tudo o que pudermos fazer para apoiá-lo nós faremos. Nunca tivemos um governo que começa e termina o dia falando em Deus”, afirmou o deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP), líder da bancada evangélica e pastor da Assembleia de Deus.
A manutenção desse apoio, porém, pode passar pela escolha de um candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro que seja evangélico. Integrante da base de sustentação do governo no Congresso, o Republicanos sinalizou que estará na coligação de Bolsonaro em 2022 e já reivindica o posto na chapa. O partido é ligado à igreja Universal do Reino de Deus e conta com a presença de diversas lideranças da bancada evangélica.
Bancada da segurança garante apoio incondicional a Bolsonaro em 2022
Além da bancada evangélica, o presidente também pretende reforçar os laços com integrantes da frente parlamentar da segurança pública, conhecida também como bancada da bala. Para deputados do grupo, a candidatura de Bolsonaro é a única entre os pré-candidatos que mantém proximidade com as pautas da segurança pública e com os policiais.
“Nós o enxergamos como única opção para a segurança pública de forma geral. Outros candidatos que temos por aí pregam, por exemplo, o fim da Polícia Militar, então chega a ser até incomparável a questão de apoio ao presidente. Eu nunca ouvi de ninguém na bancada da segurança sinalizando o contrário”, afirmou o deputado Capitão Guilherme Derrite (PP-SP).
De acordo com o parlamentar, a construção de uma base com os partidos do Centrão e a manutenção do apoio das bancadas temáticas abre caminho para que pautas de interesse do governo avancem no segundo mandato. “Temos que ser realistas, né? Nós não tivemos ainda aquele avanço que gostaríamos de ter tido. A retaguarda jurídica para o policial, que é uma bandeira do Bolsonaro, a gente não conseguiu passar no Congresso. Com essa aproximação dos partidos [do Centrão] agora, acredito que no segundo mandato a gente consiga aprovar”, afirmou.
Além da proximidade com os parlamentares da bancada da bala, Bolsonaro pretende fazer acenos aos policiais por meio de programas e de reajustes salariais. Ainda neste mês de dezembro, ele pretende assinar um decreto criando um plano de saúde para membros ativos e aposentados da Polícia Federal. Existe ainda a expectativa de um reajuste salarial para todos os servidores federais por meio do crédito aberto pela PEC dos precatórios.
Antes disso, o Palácio do Planalto já havia criado uma linha especial de financiamento imobiliário para policiais e bombeiros militares de todo o país.
Presidente quer encontros mensais com a bancada do boi
Ao lado da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, o presidente Jair Bolsonaro pretende se reunir mensalmente com a Frente Parlamentar da Agropecuária, conhecida como bancada do boi, para reforçar o apoio desses parlamentares. Esse grupo reúne cerca de 250 deputados e mais de 30 senadores.
“A mensagem do presidente da República é de que as pautas do agro são pautas do Brasil e pauta também do governo federal”, afirmou o líder da frente, deputado Sérgio Souza (MDB-PR), depois de um encontro com Bolsonaro na semana passada. Na avaliação do Planalto, apesar de contar com lideranças de diversas siglas, a bancada do boi tem uma forte adesão ao governo Bolsonaro.
De acordo com líder da frente, a bancada está alinhada com o governo Bolsonaro e pretende manter esse apoio. “Ninguém do agro retirou apoio ao presidente. Isso é uma interpretação feita por aqueles que querem difundir uma discórdia interna. O agro está extremamente alinhado com o presidente Jair Bolsonaro”, disse o emedebista.