O presidente Jair Bolsonaro viveu dias conturbados em sua visita a países orientais, entre os dias 22 e 30, mas cumpriu parcialmente o objetivo de fechar parcerias comerciais e atrair investimentos para o Brasil. Em meio às polêmicas do vídeo do leão entre hienas e da menção do nome de Bolsonaro na investigação do caso Marielle Franco, a comitiva do presidente firmou alguns acordos relevantes na Ásia e no Oriente Médio.
O destaque da viagem foi a notícia de que o fundo soberano da Arábia Saudita investirá US$ 10 bilhões no Brasil. Além disso, na China, o governo assinou protocolos sanitários para exportar farelo de algodão e carne termoprocessada (isto é, que tenha passado por algum processo térmico).
O presidente começou a viagem no Japão, no dia 22, passou por China, Catar e Emirados Árabes, e terminou o percurso na Arábia Saudita, nesta quarta-feira (30).
Veja resultados concretos que Bolsonaro traz da viagem à Ásia e ao Oriente Médio.
US$ 10 bilhões de investimentos dos sauditas
Um dos principais objetivos do governo brasileiro nesta viagem era convencer os governos dos países árabes a aumentar o investimento no Brasil.
Antes da viagem, o secretário de Negociações Bilaterais na Ásia, Pacífico e Rússia do Itamaraty, Reinaldo Salgado, havia falado que um dos grandes desafios seria convencer a Arábia Saudita a investir mais no Brasil com uso de seus fundos soberanos, que somam mais de US$ 800 bilhões.
Os dois países fecharam parceria para um investimento de US$ 10 bilhões – isto é, cerca de R$ 40 bilhões. Segundo Bolsonaro, o valor deve ir para setores como infraestrutura, óleo e gás, defesa e saneamento. Além disso, o presidente brasileiro contou que o príncipe da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, “gostaria que uma parte fosse investida para a baía de Angra dos Reis”.
Pelo Twitter, o presidente afirmou que um fundo soberano dos Emirados Árabes também aumentará os investimentos no Brasil, mas não especificou o valor desse incremento. A intenção, de acordo com o Twitter de Bolsonaro, “é investir em portos, estradas, mineração, imóveis e entretenimento”.
Exportação de carne processada e ração animal para a China
O governo brasileiro assinou com a China protocolos sanitários para a exportação de carne termoprocessada (por exemplo, carne que é congelada ou enlatada depois de cozida) e farelo de algodão, que costuma servir como ração para ruminantes.
Com isso, os dois produtos já podem ser exportados à China por produtores brasileiros. Protocolos sanitários servem para diminuir o risco de transmissão de pestes ou pragas endêmicas de um país a outro.
Em 2018, a China importou US$ 25 milhões em carne bovina. Com a aprovação do protocolo para as carnes termoprocessadas do Brasil, o governo brasileiro espera um aumento na exportação do produto, que gerou US$ 557 milhões para o país no ano passado.
Em relação ao farelo de algodão, o Brasil ainda tem um mercado importador muito incipiente do produto, e a China, que no ano passado importou US$ 4 milhões de farelo de algodão, pode ajudar a impulsionar esse mercado.
Isenção de visto para cataris e chineses
Cidadãos nascidos no Catar e na China, dois dos países visitados por Bolsonaro, não precisarão mais de vistos para entrar no Brasil. No caso do Catar, a liberação é recíproca. No da China, é unilateral.
Em relação aos chineses, o objetivo do governo brasileiro é estimular o turismo e as viagens de negócios. Segundo a embaixada da China no Brasil, em 2017, 135 milhões de chineses viajaram para o exterior, mas só 62 mil vieram ao Brasil. Das viagens ao Brasil, 69% foram de negócios.
A isenção de vistos para o Catar deve ter pouca repercussão, já que há só pouco mais de 300 mil cidadãos cataris – o país tem quase 3 milhões de habitantes, dos quais só cerca de 10% são nativos.
Em março, o Brasil anunciou isenção de vistos para cidadãos de Estados Unidos, Japão, Austrália e Canadá – em todos os casos, a isenção é unilateral. Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores, já afirmou que há perspectivas de que a Índia também receba uma isenção de vistos sem reciprocidade.
Outros acordos que Bolsonaro firmou
Na China, além dos protocolos sanitários, Bolsonaro e o líder Xi Jinping assinaram outros nove atos, em áreas como pesquisa científica e energia.
Nos Emirados Árabes, Bolsonaro assinou oito acordos em áreas como defesa, tecnologia e cooperação aduaneira. Durante a visita a Abu Dhabi, Bolsonaro falou sobre a necessidade de equipar melhor as Forças Armadas como uma das justificativas para o interesse do Brasil em acordos no setor de defesa.
No Catar, o governo brasileiro assinou cinco atos além do acordo de isenção mútua de vistos. As áreas de saúde, defesa e organização de eventos foram contempladas. O governo do Catar quer a cooperação do Brasil na organização da Copa do Mundo de 2022, com base na experiência brasileira como sede de 2014.
Na Arábia Saudita, foram assinados 13 atos, entre os quais acordos de cooperação nas áreas de defesa, pesquisa científica e comércio. Além dos atos assinados, o governo brasileiro também procurou preparar terreno para negociações previstas para as próximas semanas.
O líder chinês Xi Jinping virá ao Brasil para a Cúpula dos Brics, em novembro. Alguns acordos no setor do agronegócio, por exemplo, já começaram a ser discutidos na China, mas só devem ser fechados durante esse novo encontro.
Também em novembro, o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, deverá vir ao Brasil. Espera-se que os dois governos discutam o acordo comercial entre Mercosul e Japão durante o novo encontro. Já se previa que não haveria tempo para formalizar essas negociações durante a visita que Bolsonaro fez a Tóquio nos dias 22 e 23.
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