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Depoimento por escrito

Bolsonaro se cala em depoimento à PF sobre supostas mensagens golpistas de empresários

Bolsonaro falou com a imprensa ao deixar a sede da PF, em Brasília, nesta quarta-feira (18). (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil.)

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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) compareceu na tarde desta quarta-feira (18) à sede da Polícia Federal, em Brasília, onde deveria prestar depoimento. No entanto, o ex-mandatário não falou e sua defesa entregou à PF um depoimento por escrito. A oitiva foi marcada no âmbito do inquérito sobre um grupo de empresários que supostamente defendiam golpe de Estado e ruptura democrática em um grupo de WhatsApp.

No documento, os advogados de Bolsonaro ainda questionaram a competência do Supremo Tribunal Federal (STF) na tramitação do caso, já que nenhum dos envolvidos tem foro privilegiado. O ex-presidente voltou a questionar a condução das eleições de 2022 ao falar com jornalistas na saída da PF. “A competência deste caso não é do Supremo, é da primeira instância. O objetivo do inquérito foi calar e censurar o senhor Luciano Hang, que tinha 10 milhões de seguidores. As eleições foram conduzidas com parcialidade no ano passado”, disse Bolsonaro, informou o jornal O Globo.

Em agosto, o ministro Alexandre de Moraes arquivou investigações contra seis empresários que faziam parte do grupo de WhatsApp de apoio ao ex-presidente. Na decisão, ele reconheceu que é “patente a ausência de justa causa” para manter aberta a investigação contra Afrânio Barreira Filho, José Isaac Peres, José Koury Junior, Ivan Wrobel, Marco Aurélio Raymundo e Luiz André Tissot. O ministro, entretanto, manteve como investigados os empresários Luciano Hang e Meyer Joseph Nigri, prorrogando o inquérito por mais 60 dias.

Em setembro do ano passado, a vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araujo, chegou a pedir o arquivamento da ação contra os empresários e apontou uma série de vícios e inconsistências na decisão de Moraes sobre o inquérito. Além disso, diversos juristas ouvidos pela Gazeta do Povo à época consideraram o inquérito uma forma de "ativismo judicial".

“A minha presença aqui hoje é em função do inquérito, foi conhecido como dos empresários. Ok? Fui incluído nele depois de vários meses, tendo em vista a mensagem que eu tinha passado, em especial, para Meyer Nigri, que é empresário em São Paulo que eu conheço desde antes das eleições de 2018. O que trata esse assunto? As mensagens que eu passei, grande parte eram da própria imprensa. E a opção dos advogados é entregar as razões de defesa por escrito, continuar batendo na tecla da competência, que não é do Supremo nesse caso. Advogados entendem que é primeira instância. E sempre tivemos prontos para colaborar”, afirmou o ex-presidente nesta tarde.

Bolsonaro evitou comentar sobre a delação feita por seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid e negou que tenha participado de qualquer tentativa de golpe de Estado. “Olha, vocês me acusam de querer dar golpe desde janeiro de 2019, quando assumi e também antes lá atrás. Tanto é que o relatório da CPMI cita fatos do século passado como sendo golpistas. Me apontem um só ato meu que eu tenha jogado fora daquilo que a lei permite. Me aponte um só ato. Me aponte um só ato. GLO foi discutida desde quando eu assumi, no Brasil todo. GLO sempre se discutiu. Durante as eleições, a possibilidade existia, no caso de um distúrbio”, disse.

Em agosto, Bolsonaro confirmou ter enviado uma mensagem ao empresário Meyer Nigri sobre o processo eleitoral brasileiro. Segundo a PF, no texto encontrado no celular do empresário, que é apoiador de Bolsonaro, o ex-presidente afirmava que o ministro Luís Roberto Barroso estaria em campanha contra a PEC do voto impresso auditável, que acabou sendo rejeitada na Câmara dos Deputados em 2021.

"Eu mandei para o Meyer, qual o problema? O Barroso tinha falado no exterior [com críticas à proposta do voto impresso na Câmara]. Eu sempre fui um defensor do voto impresso", declarou o ex-presidente à Folha de S. Paulo na época. Ao arquivar o inquérito contra seis empresários, um ano após a abertura da investigação, Moraes disse que, “embora anuíssem com as notícias falsas”, eles “não passaram dos limites de manifestação interna no referido grupo, sem a exteriorização capaz de causar influência em terceiros como formadores de opinião”.

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