O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se emocionou nesta segunda-feira (25) ao ouvir o ex-ministro do Turismo Gilson Machado (PL), que é sanfoneiro, tocar uma música em sua homenagem. Sem citar o mais recente indiciamento pela Polícia Federal, Bolsonaro disse que seu “defeito foi jogar limpo”.
“Alguns falam que o meu defeito foi jogar limpo num país onde tinha muita coisa escondida, mas valeu a pena. Se eu for embora hoje, valeu a pena. Obrigada Brasil e obrigado meu Deus”, afirmou o ex-mandatário com a voz embargada em um vídeo divulgado nas redes sociais.
Bolsonaro disse na publicação que está deixando São Miguel dos Milagres, no litoral de Alagoas, para voltar a Brasília. “Passa um filme na cabeça da gente. O que foram as eleições, o milagre da vida, montar o ministério, contar com amigos e deixar um legado, que é reconhecido em qualquer lugar do nosso Brasil”, afirmou.
“Do mundo”, emendou Machado. “Até fora do Brasil também. Isso tem a nossa marca da liberdade, da [liberdade] de expressão, da legítima defesa, da família. Tudo pesa, essa marca ficou”, acrescentou Bolsonaro.
O ex-ministro começou o vídeo elogiando o governo Bolsonaro. “Nunca na história do Nordeste foi feito por um governo o que esse homem fez. O nordestino sabe reconhecer isso”, disse Machado.
Ele tocou sanfona e cantou a seguinte música para o ex-presidente: “A transposição, o fim do carro-pipa, a irrigação. É o título da terra para o trabalhador, deu o seu valor. O dinheiro do Brasil ia para o povo e não ia para Cuba. É o capitão do povo e vai voltar de novo. Ele é de Deus, pode confiar, respeita a família, não vai te enganar. O capitão do povo, que vai vencer de novo. Igual a ele nunca existiu. É a salvação do nosso Brasil”.
Bolsonaro foi indiciado por suposto plano de golpe
No último dia 21, a Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas, entre aliados e militares, no inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado no país. Segundo a PF, o planejamento incluía os assassinatos do presidente Lula (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A PF atribui ao ex-mandatário os crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. Na ocasião, Bolsonaro disse ao portal Metrópoles que Moraes “conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa” e que “faz tudo o que não diz a lei”.
Já durante a viagem a São Miguel dos Milagres, ele ironizou a investigação. “Uma coisa absurda essa história de golpe. Vai dar golpe com um general da reserva e quatro oficiais superiores? Pelo amor de Deus. Quem estava coordenando isso? Cadê a tropa? Cadê as Forças Armadas? Não fique botando chifre em cabeça de cavalo”, disse o ex-presidente enquanto cortava o cabelo.
“Golpe agora não se dá mais com tanque, se dá com táxi. E parece que o sequestro não saiu porque não tinha um táxi na hora. Pelo amor de Deus. É uma piada essa PF criativa do Alexandre de Moraes”, acrescentou.
Bolsonaro foi indiciado em outros dois inquéritos. O primeiro indiciamento ocorreu em março de 2024 na investigação sobre a suposta adulteração da carteira de vacinação contra a Covid-19, com a inserção de dados falsos no sistema do Ministério da Saúde. Neste caso, a PF imputou ao ex-presidente o crime de associação criminosa.
O segundo foi em julho deste ano no caso das joias sauditas. Na ocasião, Bolsonaro foi indiciado pelos supostos crimes de peculato (apropriação de um bem público), lavagem de dinheiro e associação criminosa. Bolsonaro nega qualquer irregularidade.
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