Substituir todas as cédulas de R$ 100 e R$ 50, como o presidente Jair Bolsonaro diz que está sendo estudado pelo governo, custaria, no mínimo, R$ 700 milhões aos cofres públicos. De acordo com o Banco Central (BC), estão em circulação 2.883.688.127 notas desses valores no Brasil, que tiveram custos de produção estimados entre R$ 0,24 e R$ 0,25 em 2016, último dado disponível encontrado.
Vale ressaltar que esse é o custo da emissão das notas do jeito que elas já existem e não consideram nenhum tipo de alteração de cor, formato, parâmetros de segurança tampouco os custos de remodelamento das cédulas, logística de recolhimento e substituição e transporte dos valores.
Bolsonaro falou sobre a substituição das cédulas em entrevista ao Programa do Ratinho, do SBT, na terça-feira (4). "Chegou ao nosso conhecimento mudar as notas de R$ 100 e de R$ 50 num prazo de um ano", respondeu Bolsonaro sobre a possibilidade dessa alteração. Segundo o presidente, a possibilidade é real, mas dependeria de um “sinal verde da Economia” sobre a viabilidade da proposta.
Os boatos sobre essa troca começaram em maio, pelas redes sociais. Uma das mensagens seguiria que o presidente mudasse a cor das notas de R$ 20, R$ 50 e R$ 100 para “despejar dinheiro na economia”, dando um tempo curto – até o final de 2019 – para a troca das notas. “Muitos reais vão brotar de paredes, buracos e malas”, continuava a mensagem. Também havia a versão de que seria feita uma troca das figuras de animais por personalidades históricas. Na época, Planalto e Ministério da Economia negaram a informação.
Depois do anúncio de que o governo estuda a medida, o ministério da Economia informou que a responsabilidade sobre trocas de cédulas é do Banco Central, quando questionado pela reportagem nesta quarta-feira (5) sobre os estudos. Já o Banco Central não respondeu às perguntas sobre estudos para a troca e custos envolvidos até o fechamento desta matéria.
Precisa gastar?
Sem esses estudos nem explicações por parte do presidente, não dá para estimar qual é o ganho que o governo projeta para a circulação de dinheiro na economia. Mas o gasto para a produção das novas notas não é insignificante, ainda mais em tempos de penúria nas contas públicas e de contingenciamento de gastos.
De acordo com o BC, estão circulando 1.766.263.254 cédulas de R$ 50 e 1.117.424.873 de R$ 100. Em 2016, o órgão informou que a produção de cada uma custava R$ 0,24 e R$ 0,25 centavos. Isso significa que a substituição custaria R$ 703,2 milhões. Outras estimativas apontam que o custo de produção das notas de R% 50 e R$ 100 já está na casa de R$ 0,25 e R$ 0,27, o que sobe o custo da troca para R$ 743,2 milhões.
Esse valor é próximo do orçamento contingenciado do Ministério da Ciência e Tecnologia, por exemplo, que é de R$ 759 milhões. Também é equivalente às verbas bloqueadas dos ministérios da Cidadania e Turismo, que somam R$ 737 milhões.
Da onde vem o dinheiro para as cédulas
O Banco Central gerencia o dinheiro que circula no país, mas a moeda só é emitida após autorização do Conselho Monetário Nacional e normalmente visa a substituição de notas danificadas e manutenção da quantidade de dinheiro em circulação.
Geralmente, o dinheiro é produzido pela Casa da Moeda do Brasil. Em 2019, o BC firmou um contrato com a empresa de R$ 425.409.123,60 para o fornecimento de cédulas e regulamentação de relações técnicas e financeiras. Não foi informada a quantidade de cédulas que seriam produzidas.
Contudo, nem sempre é nessa estatal que o nosso dinheiro é produzido. Em 2017, por causa de problemas técnicos e operacionais, o Banco Central encomendou 100 milhões de cédulas de R$ 2 para a empresa Crane AB, da Suécia. Curiosamente, importar as cédulas naquela época custava menos do que imprimi-las no Brasil.
A cada mil cédulas de R$ 2 impressas na Suécia, o BC desembolsou R$ 202,05. O valor médio de um milheiro de cédulas produzidos na Casa da Moeda era de R$ 284,83, à época. Ainda é possível fazer a ressalva de que os suecos produziram apenas a nota de R$ 2, que é a menor das notas em circulação. Já a produção da Casa da Moeda contemplaria todas as cédulas da segunda família do Real.
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