O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (21) que vai sancionar o projeto de socorro a estados e municípios e vetar a permissão a reajuste salarial aos servidores públicos. A maioria dos governadores apoiará a manutenção do veto. Progressões e promoções vão continuar ocorrendo normalmente, informou o presidente. A sanção vai acontecer ainda nesta quinta, com quatro vetos.
As afirmações foram feitas durante reunião virtual com governadores, que contou também com a presença dos presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), respectivamente.
Bolsonaro pediu aos governadores apoio à manutenção do veto. Os vetos presidenciais são analisados pelo Congresso Nacional, que pode manter ou derrubar. Os governadores têm forte influência sobre os parlamentares.
"Pedimos apoio aos senhores a um veto muito importante, que atinge parte dos servidores públicos. Quando se fala que os informais perderam muito, os formais também, com redução de jornada e salário, a cota de sacrifício dos servidores é não ter reajuste até 31 de dezembro do ano que vem", afirmou Bolsonaro.
O governador do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, disse que a maioria dos governadores vai apoiar o veto. "Decisão ou não de vetar é uma prerrogativa exclusiva do senhor e qualquer decisão que o senhor tomar terá apoio da maioria dos governadores. Nós sabemos que o senhor está sofrendo pressão, mas acho que é o momento de unidade nacional, é um momento ímpar", afirmou Azambuja, que foi o porta-voz dos governadores na reunião.
Bolsonaro lembrou que chegou a ser cogitada uma redução de jornada e salário de 25% aos servidores públicos, mas que depois, em comum acordo com o Congresso, optou-se por apenas congelar os salários até 2021. "Chegamos à conclusão que congelando a remuneração esse peso [para os servidores] seria menor, mas de extrema importância para todos nós."
E completou dizendo que o congelamento é um "remédio menos amargo" para o funcionalismo, "mas de extrema importância para todos os 210 milhões de habitantes".
Governadores pedem pagamento em maio
Durante a videoconferência, o governador do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, pediu que a primeira parcela da ajuda aos estados e municípios seja paga ainda em maio. "Pedimos que o senhor sancione esse projeto porque ele é importante para manutenção do entes federados. E pedimos, presidente, que realmente se possível possa fazer essa liberação da primeira parcela ainda no mês de maio."
A ajuda de R$ 60 bilhões a estados e municípios será paga em quatro parcelas, conforme o projeto aprovado pelo Congresso. Os governadores queriam receber a primeira parte até o dia 15 de maio, mas a discussão sobre o veto acabou atrasando a sanção.
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, reforçou o pedido para pagar a primeira parcela ainda neste mês, pois os estados estão tendo uma perda da ordem de 30% da arrecadação.
Azambuja pediu, ainda, a manutenção de dispositivo que permite aos estados não pagarem, até o dia 31 de dezembro, dívidas com organismos internacionais. Isso dará um alívio de caixa de R$ 10,6 bilhões aos governos locais. Bolsonaro afirmou que tratará da questão com Guedes.
Relembre o caso
O congelamento do salário de todos os servidores públicos até 31 de dezembro de 2021 foi a principal contrapartida pedida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, para o projeto de socorro a estados e municípios. O projeto, aprovado no Congresso, prevê transferência direta de R$ 60 bilhões aos governos locais e mais R$ 65 bilhões em diferimento de dívidas com a União, bancos e organismos internacionais.
Inicialmente, houve um acordo entre o governo e o Senado para congelar os salários. Só que na votação na Câmara diversas exceções foram abertas, como, por exemplo, profissionais da saúde, segurança pública e educação. O Senado acabou chancelando a decisão da Câmara.
Com isso, a economia que seria obtida com o congelamento de salários caiu de R$ 130 bilhões para R$ 43 bilhões, nos cálculos do Ministério da Economia. O ministro Paulo Guedes pediu, então, ao presidente Bolsonaro o veto às exceções abertas, voltando ao acordo inicial, de congelamento do salário de todos os servidores. O presidente informou que a intenção era vetar, mas que precisava do compromisso dos governadores para manutenção do veto.
O acordo para manutenção do veto foi costurado na manhã desta quinta-feira (21), durante reunião com governadores, ministros e os presidentes da Câmara e do Senado.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF
Deixe sua opinião