O presidente da República, Jair Bolsonaro, deixou o Palácio da Alvorada na manhã deste domingo (29) pelo acesso à residência oficial da vice-presidência, o Palácio do Jaburu, evitando assim o contato com a imprensa. Em meio à pandemia do novo coronavírus, Bolsonaro foi visitar vários comércios locais ainda abertos em Brasília.
São poucos os estabelecimentos ainda funcionando, porque a cidade cumpre decreto do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), que determina o fechamento de lojas e shoppings para evitar a circulação das pessoas e tentar controlar a propagação da Covid-19. Apenas os serviços considerados essenciais podem funcionar.
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Bolsonaro saiu por volta de 9h30 do Palácio da Alvorada e seguiu para um posto de gasolina. Ele desceu do carro para cumprimentar e tirar fotos com frentistas que estavam trabalhando. Também conversou com populares. Em seguida, Bolsonaro visitou uma farmácia, uma padaria e um supermercado no Sudoeste, bairro residencial que fica cerca de 10 km do Congresso Nacional.
Depois, ele seguiu para o Hospital das Forças Armadas (HFA), onde conversou por cerca de 20 minutos com pessoas que estavam na entrada do hospital. Não há informação oficial sobre a razão da visita ao hospital.
Depois disso, o comboio presidencial seguiu em direção a Ceilândia, uma região administrativa do DF, que fica a cerca de 36 quilômetros do Palácio da Alvorada. Ceilândia é a cidade onde moram familiares da primeira-dama Michelle Bolsonaro. O presidente passou de carro pela região onde funciona uma feira que está fechada em razão da determinação do governo do DF. Apesar da feira não estar funcionando, a chegada do presidente reuniu várias pessoas que se aproximaram para tirar fotos.
Por volta das 11 horas, Bolsonaro seguiu para Taguatinga, outra cidade satélite de Brasília. Lá, ele também conversou com comerciantes.
Bolsonaro, na semana passada, defendeu o chamado isolamento "vertical", quando apenas idosos e pessoas com doenças crônicas ficam isoladas. Mas, neste sábado (28), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, defendeu, num discurso contundente, a manutenção das medidas de isolamento para conter o avanço do novo coronavírus.
Diálogos
Nas interações sociais, de acordo com o jornal O Globo, Bolsonaro defendeu que somente idosos e doentes deixem de sair às ruas por conta do coronavírus. "Cada governador decidiu o que fazer no seu estado. Às vezes, o remédio demais vira veneno", disse Bolsonaro a um vendedor de churrasquinho que contou que, após duas semanas em casa, a comida estava acabando. "Eu defendo que você trabalhe, todo mudo trabalhe. Lógico, quem é de idade fica em casa", continuou Bolsonaro.
Na porta de um supermercado, ainda segundo O Globo, Bolsonaro perguntou a pessoas que se aglomeravam ao redor dele o que elas achavam da regra de ficar em casa. Em meio a gritos de "mito" e pedidos para foto, ele levantou a questão: "Na ideia de vocês, o povo tem que trabalhar ou não?", perguntou Bolsonaro. "Tem que trabalhar sim, rapaz. O Brasil tem que andar, não pode parar, não", respondeu um dos populares.
Em rápida entrevista à imprensa, enquanto visitava um açougue, Bolsonaro disse que não ia "desautorizar quem quer que seja" ao ser questionado sobre sua defesa pelo isolamento vertical. "Estou achando que esse isolamento horizontal, se continuar assim, lá na frente, com a brutal quantidade de desempregados que vem pela frente, teremos um problema seríssimo que vai levar anos para ser resolvido. Essas pessoas humildes que perdem emprego não conseguem mais", disse o presidente.
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