Marechal Hermes da Fonseca, preso em 1922, e Braga Netto, preso neste sábado (14), são os únicos generais quatro estrelas já presos na história do Brasil.| Foto: Montagem/ Wikimedia Commons
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Walter Braga Netto, preso neste sábado (14), é o primeiro general quatro estrelas a ser preso na chamada era democrática do Brasil. Antes dele, apenas Hermes da Fonseca, sobrinho do marechal Deodoro da Fonseca, 1º presidente do Brasil, havia sido preso em 1922, durante a chamada República Velha. Um general quatro estrelas é um militar com poder para comandar o Exército de um país, cuja patente pode ser equivalente a de marechal em alguns países.

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Diferentemente do general Braga Netto, preso pela Polícia Federal por mandado expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, no inquérito que apura a suposta tentativa de golpe para impedir a posse do governo Lula, Fonseca foi preso em 2 de julho de 1922, após um decreto do então presidente Epitácio Pessoa. O mesmo decreto presidencial determinou a extinção do Clube Militar, organização fundada em 1887, e que teve papel importante na história brasileira, reunindo os militares que mais tarde consolidariam o fim do Império e o início da República.

Marechal do Exército, Hermes da Fonseca, que havia sido presidente do Brasil entre 1910 e 1914, foi acusado de conspiração, em meio aos questionamentos do resultado das eleições presidenciais em 1922, que deram a vitória a Artur Bernardes. Para controlar as manifestações populares contra o resultado das eleições em Pernambuco, Epitácio Pessoa convocou o Exército, mas Hermes da Fonseca se opôs.

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O marechal enviou um telegrama ao militares de Recife pedindo que o Exército não reprimisse o povo. No dia 2 de julho, Fonseca foi preso por decreto de Epitácio Pessoa, sendo libertado no dia seguinte, também por ordem do então presidente, mas foi preso outra vez dois dias depois, em 5 de julho, permanecendo na prisão até janeiro de 1923. Ele morreu meses depois, em setembro de 1923.

Revolta

A prisão de Hermes da Fonseca foi o estopim para a chamada Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, liderada pelo capitão Euclides Hermes da Fonseca, filho de Hermes da Fonseca, e o tenente Siqueira Campos. Os jovens oficiais esperavam que a capital e vários estados participassem do levante contra o governo de Epitácio Pessoa, mas apenas o Forte de Copacabana se sublevou.

Na manhã de 5 de julho de 1922, o forte foi bombardeado pelo governo e Euclides Hermes da Fonseca foi preso quando saiu para negociar. Dos 300 militares restantes na guarnição, 272 se entregaram. O tenente Siqueira Campos e um pequeno grupo, 18 no total, sendo 17 militares e um civil, saiu em marcha pela Avenida Atlântica para enfrentar em combate aberto cerca de 3.000 soldados legalistas, que abriram fogo contra o grupo. Apenas dois tenentes sobreviveram, Siqueira Campos e Eduardo Gomes.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]