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Os governos do Brasil e da China fecharam um acordo nesta quinta (23) para juntos tentarem encontrar uma solução política e pacífica que interrompa a guerra da Rússia contra a Ucrânia, que já passa de dois anos de conflito.
O pacto foi assinado em Pequim por Celso Amorim, assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assuntos internacionais, e o ministro das Relações Exteriores Exteriores da China, Wang Yi, e divulgado pelo governo do país através da Embaixada Chinesa nos Estados Unidos (veja na íntegra). O governo brasileiro foi procurado pela Gazeta do Povo e ainda não se pronunciou.
A assinatura do acordo entre os dois países ocorre dias depois do presidente chinês Xi Jinping se encontrar com o líder russo, Vladimir Putin, também em Pequim. Para o Brasil, apenas a China pode influenciar qualquer decisão dele, por ser o principal parceiro comercial.
De acordo com o comunicado, foram discutidos “pontos de vista aprofundados sobre a promoção de uma solução política para a crise na Ucrânia e o abrandamento da situação”.
Ambos os lados apelam para que todas as partes envolvidas no conflito observem três princípios: evitar a expansão do campo de batalha, impedir a escalada dos combates e evitar provocações.
Brasil e China afirmam a defesa do diálogo e da negociação como únicas soluções viáveis para a crise. Segundo eles, todas as partes devem criar condições para retomar o diálogo direto e trabalhar para uma desescalada que leve a um cessar-fogo abrangente.
“A China e o Brasil apoiam uma conferência internacional de paz realizada num momento adequado que seja reconhecida tanto pela Rússia como pela Ucrânia, com participação igualitária de todas as partes, bem como uma discussão justa de todos os planos de paz”, pontuam no acordo.
Crise humanitária e troca de prisioneiros
Os esforços humanitários também são enfatizados pelo pacto, com um apelo para aumentar a assistência e evitar uma crise humanitária maior. Ambos os países condenaram ataques a civis e instalações civis, destacando a necessidade de proteção para homens, mulheres, crianças e prisioneiros de guerra.
Em outro ponto, Beasil e China afirmaram ser favoráveis à troca de prisioneiros de guerra entre a Ucrânia e a Rússia.
A China e o Brasil expressaram, ainda, oposição ao uso de armas de destruição em massa, especialmente nucleares, químicas e biológicas, e defendem esforços para prevenir a proliferação destes armamentos para evitar crises nucleares.
Além disso, também condenam ataques a centrais nucleares e outras instalações nucleares pacíficas, instando todas as partes a cumprirem o direito internacional e prevenirem acidentes nucleares.
Menos polarização
O pacto firmado entre os dois países também se opõe à divisão do mundo em blocos políticos ou econômicos isolados. Este ponto atinge diretamente as alianças entre Estados Unidos e Europa e entre a própria China e a Rússia.
“As duas partes apelam a esforços para reforçar a cooperação internacional em matéria de energia, moeda, finanças, comércio, segurança alimentar e segurança de infra-estruturas críticas, incluindo oleodutos e gasodutos, cabos ópticos submarinos, instalações de eletricidade e energia, e redes de fibra óptica, de modo a como para proteger a estabilidade das cadeias industriais e de abastecimento globais”, pontua o comunicado.
Por fim, China e Brasil convidaram a comunidade internacional a “apoiar e endossar esses entendimentos comuns”, desempenhando um papel construtivo na “redução das tensões e na promoção de conversações de paz”.