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Maduro cita "soberania da Venezuela" após proposta de Brasil e Colômbia sobre novas eleições
O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva| Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

O Ministério das Relações Exteriores afirmou que ficou surpreso com o tom da manifestação de autoridades venezuelanas sobre o Brasil e os símbolos nacionais. Em nota divulgada na tarde desta sexta-feira (1º), o Itamaraty criticou ainda a opção do país vizinho por ataques pessoais e salientou que essa postura não corresponde à forma como o governo brasileiro trata a Venezuela.

A publicação da Polícia Nacional Bolivariana da Venezuela apresentava um tom ameaçador. A imagem divulgada na quinta-feira (31) mostrava o rosto borrado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao lado da bandeira do Brasil, acompanhada de frases como "quem mexe com a Venezuela se dá mal", e mensagens que exaltavam a "independência" e "soberania" do regime chavista.

Diante disso, um trecho da nota do Itamaraty afirma que "opção por ataques pessoais e escaladas retóricas, em substituição aos canais políticos e diplomáticos, não corresponde à forma respeitosa com que o governo brasileiro trata a Venezuela e o seu povo", diz um trecho da nota. (Leia a manifestação do Ministério das Relações Exteriores na íntegra no fim da matéria.)

A tensão entre Brasil e Venezuela vinha crescendo desde que o governo brasileiro não reconheceu a eleição de Nicolás Maduro devido a denúncias de fraude e escalou nesta semana após o veto do Brasil à entrada da Venezuela nos Brics. O bloco, composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – recentemente ampliado para incluir Etiópia, Irã, Egito e Emirados Árabes –, exige consenso entre os países-membros para aceitar novos integrantes, e a oposição do Brasil à Venezuela deixou claro um descontentamento que agora transborda para o campo diplomático.

Na mesma nota, o Itamaraty ressaltou o apreço do Brasil pelo princípio da não-intervenção e disse que respeita a soberania de cada país e, em especial, a da nações vizinhas. "O interesse do governo brasileiro sobre o processo eleitoral venezuelano decorre, entre outros fatores, da condição de testemunha dos Acordos de Barbados, para o qual foi convidado, assim como para o acompanhamento do pleito de 28 de julho", disse ainda o ministério brasileiro.

A postagem da ditadura venezuelana foi apagada das redes sociais após a divulgação da nota da diplomacia brasileira.

Postagem feita no perfil do Instagram da Polícia Bolivariana da Venezuela mostra uma imagem borrada do presidente Lula acompanhado de uma mensagem em tom de ameaça
Postagem feita no perfil do Instagram da Polícia Bolivariana da Venezuela mostra uma imagem borrada do presidente Lula acompanhado de uma mensagem em tom de ameaça| Reprodução/Instagram/@pnbvzla

Em outro episódio da crise diplomática entre Brasil e Venezuela, a ditadura da Venezuela convocou o encarregado de negócios do Brasil no país caribenho na quarta-feira (30) para manifestar “repúdio” à decisão do governo petista, bem como chamou a Caracas o embaixador venezuelano em Brasília, Manuel Vadell, para consultas.

Nota do Ministério das Relações Exteriores na íntegra

"O governo brasileiro constata com surpresa o tom ofensivo adotado por manifestações de autoridades venezuelanas em relação ao Brasil e aos seus símbolos nacionais.

A opção por ataques pessoais e escaladas retóricas, em substituição aos canais políticos e diplomáticos, não corresponde à forma respeitosa com que o governo brasileiro trata a Venezuela e o seu povo.

O Brasil sempre teve muito apreço ao princípio da não-intervenção e respeita plenamente a soberania de cada país e em especial a de seus vizinhos.

O interesse do governo brasileiro sobre o processo eleitoral venezuelano decorre, entre outros fatores, da condição de testemunha dos Acordos de Barbados, para o qual foi convidado, assim como para o acompanhamento do pleito de 28 de julho. 

O governo brasileiro segue convicto de que parcerias devem ser baseadas no diálogo franco, no respeito às diferenças e no entendimento mútuo."

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