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O poderio militar do Brasil é o 10º maior do mundo. O país é o segundo mais forte das Américas, perdendo no continente apenas para os Estados Unidos, que são os líderes mundiais. Os dados são do site GlobalFirePower, que faz anualmente um levantamento do poder militar de países por todo o planeta, denominado GFP Index. O ranking das potências militares de 2022, divulgado em janeiro, avaliou 140 países.
O desempenho do Brasil foi classificado como "excelente" pelo GFP Index em 34 dos 47 itens considerados, que se subdividem em oito grandes áreas: recursos humanos, força aérea, força em terra, força naval, recursos naturais, logística, finanças e fatores geográficos. Já em quatro quesitos o Brasil recebeu avaliação ruim: dívida externa, fronteiras e quantidade de porta-aviões e de destróieres.
No levantamento das potências militares de 2021, o Brasil ocupava a 9ª posição. A queda, porém, não representa um declínio do poder militar brasileiro. Isso porque o GFP Index atribui a cada país uma nota, que é mais positiva quanto mais próxima estiver de zero. A nota do Brasil em 2021 foi de 0,2026, e a de 2022 é de 0,1695 – pelos números, portanto, o Brasil teria evoluído entre um ano e outro.
A queda no ranking ocorreu porque o país foi ultrapassado pelo Paquistão, que era o décimo no ano passado. Oscilações na posição são habituais na lista. O Brasil chegou a ocupar o 25º lugar em 2006 e saltou para a nona colocação em 2007. A melhor colocação já obtida pelo país foi o oitavo lugar alcançado em 2010, sob a gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Entre os vizinhos do Brasil, o de desempenho mais próximo no ranking das potências militares é a Argentina, que ficou na 40ª posição, com nota 0,6091. O Brasil supera no ranking algumas potências econômicas, como Itália (11ª colocada), Alemanha (18ª) e Canadá (23ª). Também está à frente de países que vivem situação habitual de guerra, ataques terroristas ou conflitos internos, como Coreia do Norte, Israel e Irã.
Os EUA lideram o ranking, com nota 0,0453. A Rússia é a segunda colocada, com 0,0501. Os demais países que estão à frente de Brasil e Paquistão são a China (3º lugar, nota 0,0511); Índia (4º, 0,0979); Japão (5º, 0,1195); Coreia do Sul (6º, 0,1261); França (7º, 0,1283) e Reino Unido (0,1382). A Ucrânia, atualmente sob invasão russa, está no 22º lugar.
População é destaque do Brasil no ranking das potências militares
O Brasil fica nas primeiras posições do ranking especialmente nos critérios relacionados à população e ao contingente das Forças Armadas. O Brasil tem, atualmente, 213 milhões de habitantes, sendo o sétimo maior do mundo no critério. O GFP Index posiciona o Brasil como o 13º maior do mundo em pessoal ativo nas Forças Armadas, com 360 mil militares; o quinto maior em população "pronta para o serviço", com mais de 86 milhões de cidadãos; e o segundo maior do mundo em militares da reserva, com 1,3 milhão de pessoas.
O país também é bem avaliado em critérios como a produção de barris de petróleo, estimada como a 10ª maior do mundo, e o orçamento da defesa – que, com US$ 18,7 bilhões, foi considerado o 15º maior do mundo.
Em números de equipamentos militares, o Brasil cai algumas posições no ranking. O país é o 16º em número de aeronaves para uso militar, com 679 unidades – como comparação, os EUA têm 13.247 e a Rússia, 4.173. O país fica em posição pior na quantidade de tanques de guerra. É o 33º colocado. São 439 tanques de guerra à disposição do Brasil, número menor do que o de países como Cuba, Turcomenistão, Romênia e Mongólia.
No campo das frotas navais, o Brasil é posicionado pelo GFP Index como o 29º maior do mundo na categoria. As vizinhas Bolívia e Colômbia e países de porte menor, como Sri Lanka e Suécia, superam o Brasil. Pesa contra também o fato de o Brasil não ter nenhum porta-aviões e também nenhum destróier. Pela ausência dos equipamentos, é o último colocado na lista, ao lado de outros países que também não têm embarcações com esses perfis.
Mas é no quesito gestão de fronteiras que o Brasil tem pior desempenho no ranking militar: está na 126º posição. O país tem mais de 16 mil quilômetros de fronteiras com outros países, e o GFP Index define as fronteiras como "cada vez mais cruciais na defesa da terra" em tempos de guerra.
"As fronteiras de maior abrangência são um obstáculo natural para o poder de defesa", aponta o relatório. O Brasil é vizinho de 10 países: Uruguai, Argentina, Paraguai, Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e França (por meio da Guiana Francesa).
Bom desempenho vai de encontro ao "pessimismo" de lideranças militares
A melhoria do Brasil entre 2021 e 2022 e o posicionamento quase constante do país entre as 10 maiores forças militares do mundo vão de encontro com declarações de lideranças das Forças Armadas, que, em mais de uma ocasião, expuseram preocupação quanto ao poderio do país.
Em novembro de 2020, por exemplo, o general Edson Leal Pujol, então comandante do Exército, disse que o Brasil tinha um dos menores exércitos do mundo em relação à área a ser monitorada pelas Forças Armadas. A declaração de Pujol fez parte de um debate instalado à época sobre a gestão da Amazônia. Dias antes da fala do general, o presidente Jair Bolsonaro havia declarado que o Brasil poderia recorrer "à pólvora" caso percebesse interesses estrangeiros sobre a Amazônia que seriam contrários à soberania nacional.
Oito anos antes, em agosto de 2012, o general na reserva Maynard Marques de Santa Rosa disse que o Brasil tinha munição apenas para "uma hora de combate". Ele declarou também que os equipamentos à disposição dos militares brasileiros eram obsoletos.
GFP Index é baseado em levantamento da CIA
O livro "CIA World Factbook", elaborado anualmente pela CIA, agência de inteligência do governo dos EUA, é a principal referência de dados para a formação do GFP Index. A publicação apresenta dados gerais sobre os países, como número de habitantes, conteúdos geográficos e capacidade financeira.
O GlobalFirePower aponta que seu levantamento leva em conta apenas dados oficiais e informações relacionadas a "métodos convencionais" de guerra, o que exclui armas nucleares e mecanismos como ações de guerrilha e ataques cibernéticos.