Brasil e China se reuniram para tratar da Guerra da Ucrânia em Nova York, na sede da ONU| Foto: Nils Huenerfuerst / Unsplash
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Após reunião do grupo de Amigos da Paz pela Ucrânia, nas Nações Unidas (ONU), nesta quinta-feira (20), Brasil e China se manifestaram em tom crítico à atuação do presidente dos Estados, Donald Trump, na mediação de um cessar-fogo no Leste Europeu. Em declaração, os embaixadores da China e do Brasil defenderam a participação de mais países nas negociações e ressaltaram que a ONU deveria ter um papel na mediação e implementação de um acordo de paz para o conflito.

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"O objetivo compartilhado deve ser encontrar uma solução justa e duradoura [para a guerra] – uma que aborde os interesses mútuos das partes no conflito e leve a um acordo de paz negociado diretamente e aceito por eles [Ucrânia e Rússia]. Nós acreditamos que a ONU possa desempenhar um papel na promoção dos esforços e da implementação de qualquer acordo de paz", declarou o representante brasileiro na ONU, embaixador Sérgio França Danese, ao lado do também representante chinês, Fu Cong.

As afirmações foram feitas na sede das Nações Unidas, em Nova York. Conforme havia aditando a Gazeta do Povo, os representantes dos governos brasileiro e chinês realizaram uma reunião para discutir para discutir a guerra em curso na Europa sob as perspectivas do Sul Global – termo utilizado para se referir às nações em desenvolvimento. Após o encontro, os embaixadores fizeram um pronunciamento à imprensa.

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Apesar de não citarem nominalmente os Estados Unidos, as declarações desta quinta foram interpretadas como um contra-ponto ao presidente Donald Trump, que tem buscado intermediar um cessar-fogo no Leste Europeu sem participação da ONU ou de outros agentes internacionais, como a União Europeia.

Enquanto o líder norte-americano avança nos diálogos com Rússia e Ucrânia, outros agentes internacionais tentam ganhar voz diante os recentes acontecimentos. A Inglaterra e França, por exemplo, tem se movimentado com nações europeias para liderarem um plano de manutenção da paz na região. Neste final de semana, dezenas de países europeus devem reunir para discutir possível esforços para a Ucrânia.

Em outra frente, os embaixadores da China e do Brasil nas Nações Unidas declararam que receberam a disposição de Moscou e Kyiv em negociar um cessar-fogo como uma "oportunidade" para que outros países, inclusive as nações do Sul Global, possam se envolver nas negociações e tenham seus interesses considerados em uma possível solução da guerra.

"Estamos preocupados com os riscos e crises decorrentes deste conflito que tem causado repercussões que afetam muitos países, incluindo os do Sul Global. Questões como segurança alimentar e energética, bem como assistência humanitária, devem ser parte integrante do processo de paz, e as vozes do Sul Global devem ser ouvidas e ouvidas no apoio à paz na região", pontuaram Danese e Cong após reunião nesta quinta (20).

Os dois representantes também ressaltaram o plano sino-brasileiro que propõe uma solução para o conflito em curso na Europa. No último ano, Brasil e China apresentaram uma proposta em seis pontos, e sugeriram uma conferência de paz com a participação da Ucrânia e da Rússia para discutir um cessar-fogo. O texto, contudo, foi escanteado pelo Ocidente e por Kyiv ao ser acusado de favorecer a Rússia nas negociações.

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