Enquanto as democracias ocidentais têm adotado sanções ao petróleo russo por causa da invasão na Ucrânia, o Brasil tem caminhado no sentido oposto. O país já está entre os três maiores importadores mundiais de produtos refinados de petróleo da Rússia, de acordo com dados do think tank finlandês Centre for Research on Energy and Clean Air (CREA) — ficando atrás apenas da Turquia e China. O foco das importações brasileiras está no óleo diesel, que o Brasil tem capacidade limitada de refinar. Mas essa operação pode estar com os dias contados, pois cada vez mais refinarias russas estão sendo alvos de bombardeios ucranianos, o que pode impactar no preço e na disponibilidade do diesel russo.
Segundo o CREA, a Turquia está no topo do ranking, tendo importado 24% de todos os combustíveis refinados do petróleo vendidos pela Rússia desde a invasão à Ucrânia em 2022. Isso rendeu a Moscou um lucro de mais de 20 bilhões de euros (R$ 115 bilhões). Em segundo lugar vem a China, com 12%, e em terceiro o Brasil, com 10%. Isso significa que o Brasil pagou à Rússia desde o início da guerra 10,8 bilhões de euros, que equivalem a aproximadamente R$ 62 bilhões, segundo levantamento feito pelo CREA a pedido da Gazeta do Povo. A análise do think thank foi elaborada a partir de dados de comércio marítimo coletados por consultorias de risco privadas.
Desde que tropas russas invadiram a Ucrânia em 2022, o G7 (grupo das maiores economias liberais do planeta) impôs sanções ao comércio russo de petróleo e seus derivados. Essa decisão foi tomada porque os lucros da venda dos produtos energéticos estão sendo usados por Moscou para investimentos militares e, consequentemente, provocando mais mortes e destruição na Ucrânia. O número de fatalidades confirmadas por fontes independentes na guerra já passa de 100 mil, mas pode ser muito maior pois os riscos do campo de batalha impedem uma contagem mais ampla.
Além de não aderir às sanções ocidentais, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem fornecendo apoio diplomático à Rússia. Isso começou a ocorrer com declarações públicas do petista de apoio ao ditador russo Vladimir Putin, e com a abstenção do Brasil em votações a favor na Ucrânia na ONU durante os dois primeiros anos da guerra. No mês passado, o apoio de Lula à Rússia se tornou oficial com a assinatura de um tratado - patrocinado pela China - em que o Brasil se compromete com o plano de paz russo, que implica na anexação territorial de ao menos um quinto do território da Ucrânia.
Entre os produtos petrolíferos exportados pela Rússia, estão a gasolina, o querosene, o diesel, além de óleos e lubrificantes que são provenientes do refino do petróleo bruto. O diesel, contudo, é o produto mais procurado pelos importadores brasileiros. Ou seja, como não há restrições governamentais para as compras, empresas privadas estão se aproveitando dos baixos preços praticados pela Rússia por causa das sanções ocidentais. Nesse sentido, observando a venda de diesel, especificamente, o Brasil é o segundo principal destino do produto russo, de acordo com dados coletados pelo instituto inglês Vortexa e analisados pela U.S Energy Information Administration (EIA).
No último ano, o diesel representou 40% das exportações marítimas de produtos petrolíferos da Rússia e o Brasil foi o destino de 13% delas, com cerca de 136 mil barris de diesel por dia. A Turquia liderou o ranking com 32% das exportações do combustível russo: foram 315 mil barris por dia. Na concepção de analistas ouvidos pela reportagem, a aproximação política entre o atual governo brasileiro e o regime de Vladimir Putin pode ter favorecido o cenário para a ponte comercial entre os dois países, apesar das sanções impostas à Rússia pelo Ocidente.
"O Brasil nunca deixou de importar diesel, esse é um aspecto importante. Mas, recentemente, como o novo governo brasileiro tem uma aproximação maior com a China, Rússia e com os Brics (acrônimo para o bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, Chile e África do Sul), então, ao invés de importar de outros lugares do mundo, passou-se a importar o diesel da Rússia", explica Armando Cavanha, que é consultor da área de petróleo e gás e professor da PUC-Rio.
Desde que o presidente Lula reassumiu o comando do Executivo brasileiro, as importações de diesel russo tiveram uma guinada. Em 2023, nos meses entre janeiro e abril, o Brasil havia importado US$ 585,6 milhões (R$ 3 bilhões) em diesel da Rússia. Nesse mesmo período em 2024, o valor importado do combustível chegou a US$ 1,7 bilhão (R$ 9 bilhões), um aumento de 190%, conforme revelam dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços analisados pela Gazeta do Povo.
Atualmente, a Rússia é país o mais sancionado do mundo e chegou, inclusive, a superar o Irã no número de embargos. Os bloqueios impostos ao país foram feitos com a intenção de pressionar Vladimir Putin a colocar um fim na guerra que ele iniciou contra a Ucrânia. Os embargos, contudo, ainda não surtiram o efeito desejado inicialmente e o conflito já dura mais de dois anos. As nações ocidentais responsabilizam em parte a duração da guerra àqueles que ainda mantêm laços econômicos com Moscou, sobre a acusação de darem a Putin o fôlego econômico necessário para financiar o conflito ao qual deu início.
Nações como Índia e Brasil, conhecidas como países pêndulo por oscilarem no apoio político internacional, têm se aproveitado do conflito para tentar lucrar. A Índia, por exemplo, já comprou mais de 40 bilhões de euros (R$ 230 bilhões) em petróleo russo que o país refina e revende para o Ocidente driblando o embargo. Países como Arábia Saudita e Emirados Árabes, que são grandes produtores da commoditie, compram o petróleo russo para revender junto com sua produção nacional.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo, quase todas as empresas brasileiras que importam diesel têm feito negócios com a Rússia, com exceção da Petrobras. As razões para a Petrobras não importar diesel russo não são claras, mas analistas avaliam que o fato de a empresa possuir ações disponíveis nos Estados Unidos e em outros países pode ter sido um dos motivadores. Com a Rússia sendo sancionada pela maioria das nações ocidentais, a avaliação é de que a importação de combustível vindo da Rússia poderia prejudicar a companhia.
Apoio do Brasil dá fôlego para a Rússia e ajuda a manter máquina de guerra
Na concepção do cientista político e diretor de Projetos do Centro de Estratégia, Inteligência e Relações Internacionais, Marcelo Suano, o fato de o Brasil permitir o aumento de sua corrente econômica com a Rússia, dá fôlego a Vladimir Putin para manter a guerra. “A Rússia está vivendo uma economia de guerra, qualquer dinheiro que entra e que deixa de sair, é revertido quase que 100% para o esforço bélico”, pontua.
Tendo altos gastos com a guerra, um relatório publicado pelo Instituto Internacional de Estocolmo para Pesquisas da Paz (SIPRI) neste ano revelou que a Rússia teria destinado cerca de US$ 109 bilhões (R$ 576 bilhões) para a sua máquina de guerra. Apesar do aumento na fatia destinada à Defesa, o país teve um aumento de 3,6% no seu Produto Interno Bruto (PIB) em 2023. Ou seja, mesmo tendo mais gastos com guerra, a economia do país cresceu.
Analistas avaliam que o sucesso do país em explorar suas exportações em produtos do petróleo, gás natural, trigo e metais para países alternativos foi primordial para que a Rússia não entrasse em um colapso econômico. Somente para o Brasil, entre janeiro e maio deste ano, conforme dados analisados pelo CREA à pedido da reportagem, o volume de exportação em produtos derivados do petróleo teve um aumento de 142% em relação ao ano passado. Nesse sentido, Suano ressalta que o Brasil é um agente ativo nesse contexto, pois tem apoiado a economia russa.
“Apesar de o governo brasileiro dizer que não é contrário à Ucrânia e que a apoia, ele se recusou a fornecer armamentos e munição para a Ucrânia. Alguns vão dizer que isso é uma questão de neutralidade, mas essa neutralidade não impediu o Brasil de aproveitar o mercado para botar dinheiro nas mãos dos russos, que vão utilizar isso para reforçar a sua capacidade bélica”, elucida Suano. “Então, indiretamente, [o Brasil] reforça, sim, a máquina de guerra russa porque o Brasil é um dos agentes que não permite que o isolamento russo se concretize”, acrescenta.
Questionado pela Gazeta do Povo sobre o aumento das importações de diesel russo, o Ministério de Minas e Energia (MME) informou, por meio de nota, que "a importação de combustíveis é realizada em ambiente de livre iniciativa, não havendo orientação ou preferência por origem, desde que atenda às regras referentes à especificação dos produtos e respeite a regulação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) relacionada ao comércio exterior de combustíveis".
Importação da Rússia não gerou baixa relevante no preço do diesel para caminhoneiros, diz deputado
O Brasil hoje é autosuficiente na produção de petróleo, mas não tem refinarias suficientes para produzir o óleo diesel. A Petrobras é capaz de atender a 70% da demanda nacional por diesel, o resto tem que ser importado.
Antes da invasão russa à Ucrânia, a maioria das importações brasileiras vinha de refinarias nos Estados Unidos. Mas a guerra gerou uma alta nos preços no Ocidente e importar da Rússia, mesmo com risco de sanções americanas às empresas de transporte, se transformou em um negócio lucrativo para as empresas importadoras. De acordo com a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis, foi essa modalidade de importação que ajudou as empresas a compensarem uma alta nos preços da gasolina, pois o Brasil importa hoje 10% da gasolina que consome.
O preço do diesel tem um impacto direto na inflação no Brasil, que continua subindo. Isso porque o país depende do transporte rodoviário e por isso o preço dos combustíveis impacta o valor do frete e é repassado a praticamente todos os setores da economia. Dados do jornal Financial Times indicam que 60% da carga comercializada no Brasil é transportada por caminhões, enquanto a mesma via representa apenas 32% da utilizada nos Estados Unidos.
Além disso, o valor do diesel é um assunto politicamente sensível para o governo, pois o descontentamento dos caminhoneiros tem potencial para gerar greves e crises de abastecimento no país.
Segundo o deputado Zé Trovão (PL-SC), que já foi uma liderança dos caminhoneiros, a manobra de importação de diesel da Rússia não está tendo impacto positivo para a classe. "No fim das contas, a gente não teve o barateamento do óleo diesel. Ele teve um momento que melhorou e agora vai subir de novo. O Brasil inteiro tem que discutir preço dos combustíveis. Não dá para uma classe ficar brigando por óleo diesel barato. Toda vez que baixa o óleo diesel, também baixa o frete", disse ele no programa Assunto Capital, da Gazeta do Povo.
Na opinião do deputado, o Brasil deveria investir em aumentar sua capacidade de refino para se tornar independente de outras nações. Ele afirmou ainda que o Brasil precisa ter a mesma atitude para diminuir a dependência que o Brasil tem de fertilizantes da Rússia. Segundo ele, isso não acontece porque a legislação ambiental brasileira não permite que o país explore adequadamente suas riquezas naturais.
“A gente pode fazer com que o nosso país ande praticamente sozinho. A gente só não anda porque essas políticas populistas estão sempre atrapalhando o país", afirmou.
Clique aqui e veja a entrevista completa de Zé Trovão no Assunto Capital.
Alinhamento com a ditadura russa afasta Brasil das democracias liberais
Em 2023, o presidente Lula criticou países do Ocidente por apoiarem a Ucrânia política e militarmente. O mandatário chegou a acusar americanos e europeus de incentivar o conflito. As afirmações renderam críticas da Ucrânia, da União Europeia e dos Estados Unidos ao petista.
“Não é verdade que a UE e os EUA estão ajudando a prolongar o conflito. A verdade é que a Ucrânia é vítima de uma agressão ilegal em violação da Carta da ONU”, disse Peter Stano, porta-voz da UE para relações exteriores ao citar as declarações controversas de Lula. Já o porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, disse em um comunicado que o mandatário brasileiro estava “mal orientado”, que sua postura não passava de "repetição automática da propaganda russa e chinesa" e era "profundamente problemática".
Apesar do ruído, Suano não acredita que o Brasil possa ser sancionado pelas nações ocidentais por manter os laços econômicos com o Kremlin. Por outro lado, o país pode sofrer pressões das nações ocidentais. “Os Estados Unidos não têm condições de sancionar todo mundo e o Brasil representa uma liderança na América Latina e, principalmente, na América do Sul”, avalia o especialista.
Na concepção do cientista político, essas pressões podem ser sentidas por meio da perda de privilégios ou prerrogativas. “Ao longo do tempo isso pode representar dificuldades em negociações. Independentemente daquilo que as pessoas podem dizer sobre o crescimento do Brasil e do aumento da sua capacidade de negociação, perto do que poderia ser, esses índices são quase nada, em especial devido ao posicionamento do governo brasileiro”, pontua Marcelo Suano.
Brasil não importava diesel da Rússia, negociações tiveram início após a guerra
Os analistas ouvidos pela reportagem explicam que o Brasil não importava diesel da Rússia pela dificuldade logística provocada especialmente pela distância. “O Brasil não importava diesel russo porque o Brasil fica aqui do lado dos Estados Unidos, então fica muito mais fácil fazer importação dos Estados Unidos, além de ter um comércio exterior importante, os Estados Unidos eram um caminho natural de abastecimento”, explica Valéria Lima, diretora de Downstream do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP).
Antes da Rússia, os Estados Unidos dominavam a venda de diesel para o mercado brasileiro. Neste ano, entre janeiro e abril, porém, a importação de diesel norte-americano ficou em pouco mais de US$ 237 milhões (R$ 1,2 bilhão). A importação da Rússia no mesmo período foi de US$ 1,7 bilhão (R$ 9 bilhões) no mesmo período. A mudança desse cenário, explicam os especialistas, foi motivado pela guerra entre Rússia e Ucrânia. Em fevereiro de 2023, países do G7 e da União Europeia proibiram a corretagem, financiamento, transporte e seguro de produtos petrolíferos de origem russa por navios marítimos.
Devido aos embargos impostos ao combustível russo, o país deixou de vender para seu principal mercado: a União Europeia. Dessa forma, os países europeus passaram a fazer negócios com os Estados Unidos e, devido à alta demanda pelo diesel norte-americano, o preço acabou aumentando. Em consequência da perda de mercado e do seu diesel em grande "estoque", o produto russo teve uma brusca queda no preço, o que atraiu importadores brasileiros.
O Brasil, contudo, não impôs embargos ao país. Ainda conforme pontuou Cavanha, a aproximação política do governo Lula com o regime de Putin afasta a possibilidade de uma intervenção do governo no comércio entre importadores e a Rússia. Esse cenário favoreceu empresas brasileiras a buscarem pela Rússia. “Após o início da guerra da Ucrânia, principalmente a partir do ano passado, a gente começa a ver alguns fluxos vindo da Rússia para o Brasil”, avalia Valéria Lima.
Ela explica que dois efeitos foram observados no comércio internacional de diesel desde que a Rússia foi sancionada: os Estados Unidos se voltam para a Europa e começam a fornecer o diesel que deixou de ser vendido pela Rússia e, com isso, esse produto tem menor disponibilidade para o Brasil. E, no sentido oposto, há um deságio do diesel russo, a demanda por ele cai, assim como seu preço.
“Os importadores brasileiros viram isso como oportunidade e começaram a importar esse diesel para o Brasil. Mesmo com o frete mais longo, ele chega com uma vantagem de preço devido ao enorme desconto que sofreu no mercado internacional”, explica a diretora de Downstream do IBP. Essa mudança na balança comercial brasileira mostrou um grande aumento nas importações de diesel russo entre os anos de 2022 e 2023, período que marcou o início da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Apesar do cenário favorável para a compra, o presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo, explica que a decisão pela mudança de mercado foi amplamente discutida entre os importadores brasileiros. “Em um primeiro momento, as empresas ficaram com medo de fazer essas importações do produto russo e serem retalhadas pelos Estados Unidos e países europeus, mas com o tempo essa preocupação foi diminuindo. Eu diria que desde no final de 2022, entre novembro e dezembro, começou a chegar diesel russo no Brasil”, pontua Araujo.
Disponibilidade do diesel russo pode diminuir com ataques a refinarias
Apesar dos prejuízos no campo da política internacional, o presidente da Abicom, Sérgio Araújo, opina que esse cenário de importações com a Rússia não deve ser alterado, nem mesmo com o fim da guerra. Na análise de Araújo, americanos e europeus devem manter os embargos à Rússia por algum tempo e o país vai precisar manter esse mercado com países alternativos.
“Outro ponto que deve ser considerado é que com essa falta de oferta de combustíveis, tanto gás natural quanto diesel da Rússia, os países da União Europeia também desenvolveram alternativas. Houve um crescimento muito grande da produção de energia eólica, da energia solar, do biometano… Produtos que estão ganhando espaço na matriz energética dos países europeus, de forma que o mercado russo para Europa está mais restrito. O que eu quero dizer com isso é que a Rússia vai precisar continuar vendendo produtos para países como o Brasil”, analisa o presidente da Abicom.
Mas o cenário apontado por Araújo não leva em conta os desenvolvimentos da guerra no campo militar. A Ucrânia vem atacando sistematicamente as refinarias de petróleo em território russo. Foram ao menos 20 ataques com drones contra refinarias russas desde outubro, segundo levantamento da revista americana Foreign Affairs. No final de março deste ano, a Ucrânia destruiu cerca de 14% da capacidade de refino de petróleo da Rússia e forçou o governo russo a introduzir uma proibição de seis meses às exportações de gasolina para abastecer o mercado interno. O mesmo pode acontecer com o diesel na medida em que mais refinarias forem sendo destruídas.
Valéria Lima, diretora de Downstream do IBP, explica que, caso esses danos às refinarias russas afetem significativamente a produção de diesel russo, esse produto também pode ter uma elevação no seu preço. “Se a oferta desse produto diminuir para o mercado internacional, vai chegar com um preço mais caro no Brasil e vai acabar afetando, de alguma maneira, o preço médio no qual o diesel é vendido no Brasil”, explica.
A analista pontua ainda que há um dinamismo muito grande no mercado de combustíveis e os importadores brasileiros acabariam recorrendo a outros países para a compra do diesel, como os Emirados Árabes, por exemplo, e até mesmo os Estados Unidos. Porém, também nesse caso, o produto chegaria mais caro ao Brasil, já que esses países oferecem o diesel mais caro do que a Rússia.
Brasil boicota Cúpula da Paz na Suíça em esfoço conjunto com Rússia e China
A aproximação do Brasil com China e, consequentemente, com a Rússia, tem colocado as nações ocidentais em alerta. Desde que retornou ao Planalto, o presidente Lula tem apostado na aproximação com as ditaduras da Rússia, Coreia do Norte, China e Irã, que vêm sendo chamadas por analistas internacionais de "o eixo". Em 2023, o petista chegou a afirmar que a Ucrânia seria tão culpada pelo conflito quanto seu invasor.
Em maio, o Lula declinou do convite ucraniano para participar da Cúpula da Paz na Suíça para discutir uma solução ao conflito em curso na Europa e logo depois assinou um tratado para apoiar a proposta de paz da China. Por ela, as negociações para o fim das hostilidades não devem levar em conta as fronteiras anteriores à invasão da Rússia, mas sim o território que já foi conquistado militarmente por Moscou.
Segundo uma fonte do governo ucraniano ouvida pela reportagem, o plano de paz da China apoiado por Lula não é visto por Kyiv como uma proposta de paz, mas como uma proposta de rendição das forças ucranianas. Na prática, ela implica no reconhecimento internacional da anexação de quase um quinto do território ucraniano pela Rússia. Essa legitimização pode abrir precedentes para que mais nações autoritárias tentem anexar território de vizinhos à força, na visão da Ucrânia e das potências ocidentais. A fonte ucraniana pediu anonimato, pois a Ucrânia quer se reaproximar do Brasil diplomaticamente.
Aproximadamente 80 chefes de Estado e de governo devem participar da Cúpula da Paz na Suíça a partir do próximo dia 13. Lula vai boicotar o evento alegando que a Rússia não estará presenta na mesa de negociações. Moscou diz que não foi convidada, mas a Ucrânia e seus aliados dizem que a Rússia não deseja a paz e por isso tenta esvaziar a cúpula deliberadamente. Lula foi convidado pelo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, a visitar o país para entender as causas da agressão russa e as consequências da invasão para a segurança mundial. Ele não atendeu ao convite e vem evitando os pedidos de Zelensky e seu chanceler Dmytro Kuleba para vir ao Brasil.
Nesta segunda-feira (4), ao lado do presidente croata, Zoran Milanović, que fez uma visita oficial a Brasília, Lula afirmou que é favorável à discussão para a paz desde que a Rússia e Ucrânia participem da conversa. "Apoiamos a realização de uma conferência internacional que seja reconhecida tanto pela Ucrânia como pela Rússia", disse.
Em um dos acenos que fez a Vladimir Putin, Lula convidou o russo para participar da Cúpula do G20. O Brasil preside o bloco neste ano e sedia o encontro com os países-membros em novembro deste ano, no Rio de Janeiro. O presidente russo, contudo, tem um mandado de prisão expedido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra na Ucrânia e, por ser um dos signatários do órgão, o Brasil deveria cumprir a ordem de prisão contra o autocrata.
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