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Transparência Internacional

Brasil piora no ranking da corrupção: saiba a posição e por que o país está nela

Brasil corrupção
Entre 180 países analisados, o Brasil ocupou a 96ª colocação no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) no ano passado (Foto: Marcos Correa/PR)

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O Brasil caiu duas posições no ranking mundial da corrupção, segundo levantamento da Transparência Internacional divulgado nesta terça-feira (25). Dos 180 países analisados, o Brasil ocupou a 96ª colocação no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) do ano passado. Em 2020, estava na 94ª posição. Quanto melhor a posição no ranking, menos o país é considerado corrupto.

De acordo com o levantamento, o Brasil alcançou 38 pontos numa escala de 0 a 100. Essa é a terceira pior posição do país em sua série histórica. O desempenho coloca o Brasil abaixo da média global, que é de 43 pontos, e abaixo da média regional da América Latina e Caribe, que ficou em 41 pontos. Além disso, a pontuação brasileira é inferior à pontuação do Brics (grupo de países formados por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que foi de 39 pontos, e inferior à média do G-20, grupo formado pelas 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia, que teve 54 pontos.

"Os outros países melhoraram, então a posição relativa do Brasil ficou pior. Mas eu acho que vale destacar é que a pontuação do Brasil está estagnada numa pontuação muito baixa que é a pontuação trinta e oito. Então quando a gente compara, por exemplo, com os países da América Latina, o Brasil está abaixo da média da região", explicou Michael Mohallem, consultor da Transparência Internacional no Brasil.

Ações do governo federal, do Congresso e do Judiciário são indicativos de piora do Brasil no ranking

Para a Transparência Internacional, o Brasil está "estagnado em um patamar muito ruim em relação à percepção da corrupção no setor público" e aponta que as ações do governo federal, do Congresso Nacional e do Judiciário "levaram a retrocessos no arcabouço legal e institucional anticorrupção do país". Em destaque, a organização argumentou que, nos últimos anos, o Brasil passou por um enfraquecimento do combate à corrupção, diante das falas antidemocráticas do presidente Jair Bolsonaro (PL), por exemplo.

Segundo o relatório, o presidente brasileiro e o presidente Nayib Bukele em El Salvador foram exemplos de líderes que usaram a luta contra a corrupção como bandeira de campanha para atrair um eleitorado decepcionado com os políticos tradicionais e "cansado da corrupção". No entanto, estes presidentes "não apresentaram avanços na luta contra a corrupção e, sim, adotaram medidas antidemocráticas e regressivas".

Além disso, a Transparência Internacional destaca as investigações realizadas pela CPI da Covid e as relações criadas entre o governo federal e o Congresso por meio do chamado orçamento secreto. A melhor pontuação alcançada pelo país foi nos anos de 2012 e 2014, com 43 pontos, nos quais o Brasil ocupou o 69º lugar no ranking. Em 2019, primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro, o Brasil caiu para a posição 106 do ranking, a pior da série histórica.

"O orçamento secreto foi uma inovação muito negativa do ponto de vista da falta de transparência. A gente já tem um processo de concentração de poder muito grande por parte do Congresso na definição do orçamento, mas agora a gente chega numa inovação ilegal e com baixa transparência", afirma Mohallem.

Defensores dos direitos humanos assassinados no Brasil 

Outro fator apontado pelo relatório como argumento para a redução da nota do Brasil foram os assassinatos de 17 defensores dos direitos humanos no país no ano passado. De acordo com o relatório, a corrupção possibilita violações de direitos humanos, dando abertura a uma espiral perversa e desenfreada. À medida que os direitos e as liberdades vão se erodindo, a democracia entra em declínio, dando lugar ao autoritarismo, que, por sua vez, possibilita níveis maiores de corrupção.

"Os direitos humanos não são apenas algo legal de se ter na luta contra a corrupção. O autoritarismo faz com que os esforços anticorrupção se tornem dependentes dos caprichos de uma elite. Garantir que a sociedade civil e a mídia tenham liberdade de expressão e possam fazer cobranças do governo é o único caminho sustentável para uma sociedade livre de corrupção", argumentou Delia Rubio, presidente da Transparência Internacional.

Países menos corruptos 

No relatório da Transparência Internacional, as maiores pontuações foram alcançadas pelos países da Dinamarca, Finlândia e Nova Zelândia (todos com 88 pontos). Na sequência, apareceram Noruega, Singapura e Suécia (85 pontos).

Pela primeira vez, desde o início da série histórica, os Estados Unidos ficaram de fora do grupo de 25 países que normalmente lideram a lista dos menos corruptos. O relatório cita que os recentes ataques contra eleições livres e justas, e a opacidade do sistema de financiamento de campanhas eleitorais geram "preocupação". Investigações jornalísticas também revelaram a existência de paraísos fiscais em estados rurais dos EUA. Veja a lista abaixo:

  1. Dinamarca (88 pontos) 
  2. Finlândia (88 pontos) 
  3. Nova Zelândia (88 pontos) 
  4. Noruega (85 pontos) 
  5. Singapura (85 pontos) 
  6. Suécia (85 pontos)
  7. Suíça (84 pontos) 
  8. Holanda (82 pontos) 
  9. Luxemburgo (81 pontos)
  10. Alemanha (80 pontos)  

Brasil e seus companheiros

  • 90º - Marrocos (39 pontos) 
  • 91º - Macedônia (39 pontos) 
  • 92º - Suriname (39 pontos) 
  • 93º - Tanzânia (39 pontos) 
  • 94º - Vietnã (39 pontos) 
  • 95º - Argentina (38 pontos) 
  • 96º - Brasil (38 pontos) 
  • 97º - Indonésia (38 pontos) 
  • 98º - Lesoto (38 pontos) 
  • 99º - Sérvia (38 pontos) 
  • 100º – Turquia 

Os mais corruptos 

  • 171º - Turcomenistão (19 pontos) 
  • 172º - Guiné Equatorial (17 pontos) 
  • 173º - Líbia (17 pontos) 
  • 174º - Afeganistão (16 pontos) 
  • 175º - Coreia do Norte (16 pontos) 
  • 176º - Iêmen (16 pontos) 
  • 177º - Venezuela (14 pontos) 
  • 178º - Somália (13 pontos) 
  • 179º - Síria (13 pontos) 
  • 180º - Sudão do Sul (11 pontos) 

Metodologia

Criado em 1995, o IPC passou por uma revisão metodológica em 2012. O índice é composto por 13 pesquisas e avaliações de especialistas, produzidas por instituições reconhecidas internacionalmente. Para construir o índice, a Transparência Internacional analisa os resultados de perguntas destas pesquisas, que tratam da percepção de corrupção no setor público.

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