O Brasil iniciou nesta quarta (1º) a presidência temporária do Brics, bloco econômico formado com a Rússia, China, Índia e África do Sul e agora ampliado com a adesão de Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã. O país assume o grupo na sequência da liderança do G20 ao longo de todo o ano passado, e agora com o desafio de manter as relações diplomáticas e comerciais com os Estados Unidos sob a ameaça de um tarifaço pelo presidente Donald Trump.
Isso porque, no final de novembro do ano passado, Trump ameaçou aplicar tarifas de 100% sobre os países membros do Brics se seguissem adiante com a ideia de adotar uma nova moeda para substituir o dólar nas transações comerciais.
De acordo com o Brics, o lema desta gestão brasileira será “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global por uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”, em que o país pretende liderar discussões como inteligência artificial, financiamento climático e inclusão socioeconômica.
A presidência brasileira do bloco terá cinco eixos de atuação: facilitar o comércio e investimentos entre os membros por meio de novos meios de pagamento; promover o uso responsável e inclusivo da inteligência artificial para o desenvolvimento; aprimorar o financiamento de ações climáticas em diálogo com a COP 30, prevista para este ano em Belém (PA); estimular projetos de cooperação em saúde pública; e fortalecer a estrutura institucional do Brics.
Com mais de 100 reuniões agendadas entre fevereiro e julho, em Brasília, o Brasil será responsável por coordenar os trabalhos do grupo e preparar a Cúpula do Brics, que reunirá chefes de Estado e governo em julho, no Rio de Janeiro. Os encontros devem discutir temas voltados ao fortalecimento da cooperação econômica, política e social, além de buscar aumentar a influência dos países do Sul Global na governança internacional.
Este, inclusive, é um dos temas centrais desde que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumiu o governo, em 2023, pregando uma reforma da governança global e das instituições multilaterais. Entre elas o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), em que pretende ter um assento permanente.
“É importante que haja um entendimento entre esses países, porque esse entendimento ajuda você a alcançar um entendimento mais amplo [com outros países]”, disse o embaixador Eduardo Saboia, sherpa do Brasil no Brics e responsável pelas articulações entre os países, em entrevista à Agência Brasil.
O diplomata emendou afirmando que os países integrantes do Brics têm seus “diferentes sistemas políticos e desafios”, mas que tentará chegar a consensos entre os desafios propostos “porque dali saem soluções para a população”.
A troca de comando no Brics segue uma ordem rotativa entre os membros, baseada no acrônimo do bloco. No entanto, com a entrada dos novos integrantes, o modelo de rotatividade deverá ser reavaliado durante o mandato brasileiro, que vai até o dia 31 de dezembro de 2025.
Entenda a ameaça de Trump
No final de novembro do ano passado, Trump publicou em sua própria rede social uma ameaça de impor tarifas de 100% sobre os países do Brics caso avancem nos planos de criar uma nova moeda ou apoiar alternativas ao dólar americano.
“Exigimos que esses países se comprometam a não criar uma nova moeda do BRICS nem apoiar qualquer outra moeda que substitua o poderoso dólar americano, caso contrário, eles sofrerão 100% de tarifas e deverão dizer adeus às vendas para a maravilhosa economia norte-americana”, declarou.
Ele ainda reforçou que os países do bloco deveriam “procurar outro ‘otário’”. “Não há nenhuma chance dos Brics substituírem o dólar americano no comércio internacional, e qualquer país que tentar deve dizer adeus aos Estados Unidos”.
A desdolarização mencionada por Trump é um dos temas centrais discutidos pelo Brics, que alega que a predominância do dólar favorece os Estados Unidos em negociações globais, mesmo quando não estão diretamente envolvidos.
Durante a última cúpula do Brics, realizada em Kazan, na Rússia, Dilma Rousseff, presidente do Novo Banco de Desenvolvimento do bloco (NDB), criticou o que chamou de “uso do dólar como arma”. A governança global, incluindo o papel do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI), também foi alvo de críticas por perpetuar desequilíbrios econômicos que favorecem os países desenvolvidos.
O Brics representa atualmente 31,5% do Produto Interno Bruto (PIB) global e abriga 45,2% da população mundial.
Projetos paralelos de poder de Janja e Dino podem dificultar a reeleição de Lula
“Brazilianization”: como o Brasil deu origem a um termo pejorativo no exterior
Soldado de Israel em férias no Brasil vira alvo da PF e recebe apoio de Bolsonaro
De aborto a Gusttavo Lima: o que você perdeu enquanto estava curtindo as festas de fim de ano
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF