Oito anos após o início da Lava Jato, o advogado Cristiano Zanin Martins disse em entrevista à revista Veja não “identificar nenhum legado positivo” da operação que, na visão dele, “corrompeu sistematicamente a Constituição e as leis do país” e “destruiu uma parte da indústria brasileira”. Zanin é o homem por trás da estratégia de defesa que culminou com a anulação dos processos abertos pela Lava Jato contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em abril do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou o ex-juiz Sergio Moro parcial para julgar o petista, revogando todos os atos processuais do magistrado, inclusive condenações por corrupção nos processos do tríplex do Guarujá e do sítio de Atibaia. Com isso, Lula recuperou seus direitos políticos. “Os processos não foram anulados por pequenas questões técnicas, mas por um vício gravíssimo, que era a suspeição do juiz. Moro queria condenar sem processo porque sabia que, dentro das regras do jogo, ele não tinha condições de impor as condenações. Não se conduz um processo na base do jeitinho”, disse o advogado, que ficou marcado pelos embates que teve com Moro em audiências judiciais.
Indagado sobre o papel exercido por outros tribunais e instâncias da Justiça ao longo da operação, Zanin afirmou que o sistema foi “induzido ao erro” com um suposto discurso da Lava Jato de que, “se alguém não era a favor da operação, era a favor da corrupção” no que chama de “técnica de emparedamento”. Na entrevista, o advogado disse ainda considerar o vazamento de diálogos sigilosos entre membros da força-tarefa obtidos por hackers “um elemento importante para desfazer a narrativa" que a Lava Jato construiu junto à opinião pública de que "agia para combater a corrupção”. Zanin deve integrar a equipe jurídica que irá assessorar Lula na campanha política deste ano.