O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante café da manhã com jornalistas, no Palácio do Planalto.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante café da manhã com jornalistas, no Palácio do Planalto.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.

Após uma intensa aproximação diplomática do governo brasileiro com Moscou na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou atrás e criticou a invasão da Ucrânia. A declaração ocorre no mesmo dia em que o presidente conversa por telefone com o premiê japonês, Fumio Kishida, para acertar sua participação em uma reunião do G7, o grupo das sete maiores economias do mundo, prevista para maio.

Falando de política internacional na manhã desta quinta-feira (6) em um café da manhã com jornalistas, Lula disse que a Rússia "não pode ficar" com território invadido na Ucrânia. A colocação é contrária à última posição do governo brasileiro, que havia apoiado o acordo de paz elaborado pela China. Pequim defende que um cessar-fogo seja declarado e que a Rússia não saia dos territórios já conquistados em Luhansk, Donetsk, Zaporizhzhia e Kherson.

O posicionamento pró-Moscou havia ocorrido na semana passada, em paralelo a uma visita sigilosa do ex-chanceler brasileiro Celso Amorim à Rússia. Na ocasião foi negociada uma possível visita de Lula a Moscou, cuja data ainda não foi divulgada.

Já a reunião do G7 deve ocorrer em Hiroshima, no Japão, entre os dias 19 e 21 de maio. Lula e Kishida teriam uma conversa por telefone na noite desta quinta-feira. Os países do G7 são críticos da invasão russa à Ucrânia e articularam pacotes de sanções internacionais sem precedentes contra o Kremlin desde o início da guerra.

A política externa brasileira tradicionalmente não prevê alinhamento automático com nenhuma potência. Por isso, o Brasil costuma ser classificado como país pêndulo por analistas internacionais.