O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, disse nesta quarta-feira (18), após reunião com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, que "os Poderes precisam dialogar, estar juntos para poder debater os problemas do país e os problemas institucionais". Ele pediu que seja marcado um encontro entre todos os chefes de Poderes, algo que Fux cancelou após críticas do presidente Jair Bolsonaro a ministros da Corte.
"Eu estou sempre disposto a conversar com o presidente Jair Bolsonaro, temos uma relação muito cordial, de muito respeito. Considero muito importante que haja esse diálogo, mas nesse instante, o mais importante é um diálogo entre todos os presidentes de Poderes. E é isso que vim sugerir ao ministro Luiz Fux, que possamos restabelecer aquela ideia original de sentarmos todos para debater os problemas nacionais", disse o presidente do Senado.
Ao abrir a sessão do plenário, Fux relatou aos demais ministros o pedido, disse que o diálogo com outros Poderes -- que inclui integrantes do Executivo -- não foi interrompido e que vai reavaliar a possibilidade de uma reunião com Bolsonaro, Pacheco e também com o presidente da Câmara, Arthur Lira.
"Apesar do cancelamento da reunião, o diálogo com os Poderes nunca foi interrompido. Como presidente do STF, sigo dialogando com representantes de todos os Poderes. Sem prejuízo, em relação a uma nova reunião, a questão será reavaliada", afirmou Fux.
No início do mês, Fux cancelou um encontro entre todos os chefes de Poderes depois de insultos de Bolsonaro aos ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, além das acusações de que haveria fraude na disputa presidencial de 2022 sem o voto impresso. Antes da reunião com Pacheco, ele já havia se reunido com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mas suspendeu o diálogo com Bolsonaro -- em discurso, disse que os ataques do presidente aos ministros atingem a Corte por inteiro.
Na saída do encontro com Fux, Pacheco ainda foi questionado se pretende dar andamento a pedidos de impeachment que Bolsonaro disse que apresentaria contra Moraes e Barroso. Afirmou que eles não vão resolver "o problema institucional e a crise que temos hoje no Estado de Direito e na democracia". "A solução se dá através da maturidade dos homens públicos de sentarem à mesa para discutir os problemas", afirmou. Quanto à análise dos pedidos de impeachment, respondeu:
"Isso será feito dentro da rotina. Vamos fazer a avaliação oportuna. Agora, impeachment, temos que ter responsabilidade grande com isso, porque não pode ser banalizado. É um instituto grave, excepcional e que só é aplicado em casos muito específicos num rol taxativo de situações previstas numa lei. Portanto, esse é um critério de natureza política, mas é sobretudo um critério jurídico e técnico. Tanto impeachment de ministro do Supremo, quanto de presidente da República, é preciso ter um filtro muito severo", afirmou.