Em sua primeira entrevista como novo procurador-geral da República, Augusto Aras afirmou à Folha de S.Paulo que entende a Lava Jato como um exemplo bem-sucedido, mas admite possam ter ocorrido “desvios passíveis de correção”. Ao comentar mais uma anulação de sentença da Lava Jato pelo Supremo Tribunal Federal com base no argumento de o delatado fazer alegações finais após os delatores, Aras espera que o "module os efeitos da decisão".
Augusto Aras também afirma que é função do Ministério Público velar pela ordem econômica e pelo direito do consumidor. “Minha proposta, que vou levar aos colegas, é que não deixemos para atuar no meio de uma obra em curso, ou no final de uma obra, para punir agentes públicos que porventura tenham cometido ilegalidades”, afirmou. Uma alternativa para evitar embargos ou recomendações em obras em curso ou ajuizamento de ações de improbidade ou ação penal apenas ao final, seria acompanhar as políticas públicas. “Tomando conhecimento de algum grande empreendimento, que nós façamos a priori o processo de acompanhamento dos projetos”, disse.
Primeiro PGR em 16 anos a assumir sem estar presente na lista tríplice dos procuradores, Augusto Aras destaca que vai buscar o diálogo. “Parece-me que nos últimos 16 anos cada membro passou a ter uma Constituição própria. E nós não podemos fazer a aplicação do direito aos fatos a partir de nossos humores, das nossas convicções pessoais, porque a Constituição existe, dotada de certa racionalidade”, afirmou.