Presidente Jair Bolsonaro disse que “não interfere em agência nenhuma” após declaração de Barros.| Foto: Foto: Reprodução/Twitter/@RicardoBarrosPP
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O líder do governo na Câmara, deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), criticou os diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) durante entrevista para o jornal O Estado de S.Paulo. Na publicação, Barros afirmou que iria pressionar politicamente os executivos da agência para acelerar a aprovação das vacinas contra a Covid-19 no Brasil, ameaçando “enquadrar” os diretores. “Estou trabalhando. Eu opero com formação de maioria. O que eu apresentar para enquadrar a Anvisa passa aqui (na Câmara) feito um rojão”, disse, garantindo que a agência só liberou a exigência de ensaios clínicos da terceira fase depois que ele protocolou um projeto para eliminar as etapas dos testes. “Estão (os diretores da Anvisa) fora da casinha, não sabem que estamos numa pandemia, que precisamos de coisas urgentes, que precisamos facilitar a vida das pessoas. É só exigência. Não é possível que tenha 11 vacinas aprovadas em agências no mundo inteiro e nós só temos duas, e eles não estão nem aí com o problema”, criticou.

“Ninguém fala por mim”, diz Bolsonaro

Mais tarde, o presidente Jair Bolsonaro desautorizou o parlamentar, afirmando que "ninguém fala por mim" e enfatizou que o governo federal irá comprar a vacina da Sputnik V somente após a aprovação da Anvisa. Bolsonaro destacou ainda que a agência tem um histórico de trabalho muito bom ao longo de uma década. "A agência não pode sofrer pressão de quem quer que seja. Eu não interfiro em agência nenhuma", garantiu já durante a noite, em uma live.

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O próprio presidente do órgão, Antonio Barra Torres, reagiu às declarações de Barros, afirmando que ou ele formaliza a denúncia ou se retrata. “Que enquadramento é esse que o deputado se refere? Ele está no dever de formalizar uma denúncia no canal competente ou se retratar. Acho que para ele não tem mais outra saída: ou ele denuncia ou se retrata", disse. Há pouco, em live ao lado do presidente Bolsonaro, Torres garantiu que que as mudanças no processo da Anvisa podem agilizar a aprovação de qualquer vacina que passe pela a análise, não apenas a russa, e que o processo não foi direcionado para nenhum imunizante em particular. “É uma medida ampla e que tornará mais fácil o caminho da análise para que a gente possa dizer: use tal vacina.”