Na transmissão ao vivo desta quinta-feira (29) na qual disse que iria comprovar fraude na eleição de 2018, o presidente Jair Bolsonaro lançou uma série de dúvidas sobre a integridade das urnas eletrônicas. Admitiu, porém, que não tinha provas, mas apenas "indícios".
Ao longo de mais de duas horas, mostrou vídeos retirados da internet, trechos de reportagens e contagens de votos exibidas em emissoras de TV, bem como tabelas que indicariam um "padrão" na apuração dos votos.
"Não temos provas, vou deixar bem claro. Mas indícios que eleições para senadores e deputados pode ocorrer a mesma coisa. Por que não?", afirmou durante a live para seus seguidores nas redes sociais.
Ao lado de um homem identificado apenas pelo nome de Eduardo, que o auxiliou durante a apresentação, Bolsonaro mencionou no início relatos de eleitores que não teriam conseguido votar nele em 2018.
"Pessoas que no dia das eleições foram votar e o nome do seu candidato não apareceu na tela. Por incrível que pareça, as reclamações só tinham uma mão. Queria votar no dia 17 e aparecia nulo ou automaticamente o 13. Quem queria votar no dia 13, não aparecia 17 nem nulo", disse.
Na maior parte da live, Bolsonaro defendeu o voto impresso, para que haja "contagem pública" dos votos e não uma apuração numa "sala secreta" do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Também usou boa parte do tempo para defender seu governo e alertar para riscos de uma eventual vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa de 2018.
"Tenho mostrado onde esse outro lado esteve há pouco tempo e quer retornar. Nos países que eles apoiaram, onde estão esses países? Nem vou falar mais de Cuba ou de Venezuela. Falemos o que acontece na Argentina. Esse regime que esse senhor defende não deu certo em nenhum outro lugar do mundo. Nós estamos numa pátria maravilhosa. Ninguém tem o que nós temos. Que seja decidido o futuro do Brasil com eleições democráticas, por votos contados, de forma pública. Por que querem manter tudo secreto?", afirmou.
Em determinado momento, Bolsonaro exibiu o vídeo de um jovem que simulou o funcionamento de um programa falso de votação, que ele mesmo criou. Nele, votos poderiam ser desviados. Uma pessoa digita determinado número e o voto é computado para outro candidato.
"Isso aconteceu largamente por ocasião das eleições de 2018. Tem vários vídeos demonstrando isso daí. Exatamente o que está aí. E agora, a gente pergunta: vamos deixar isso continuar acontecendo? Acabando as eleições, a gente vai judicializá-la. Quem vai julgar? Os mesmos que tiraram o Lula da cadeia, que tornaram elegível, que contaram os votos dele", disse Bolsonaro.
Em vários momentos, Bolsonaro criticou o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, por manifestar-se contra o voto impresso e por ter se reunido com deputados para defender a integridade da urna eletrônica. Barroso foi convidado pelos próprios integrantes da comissão que debate a PEC do voto impresso na Câmara para discutir o assunto numa sessão pública no plenário.
"Querem deixar eleições sem qualquer maneira de ser auditada? Eleições que podem ser mais que suspeitas? Por que o temor do senhor Barroso? O que tem conversado com alguns para convencê-los tão rapidamente que esse sistema é preciso, é confiável?", disse.
"Indícios fortíssimos"
Depois, Bolsonaro exibiu momentos em que a emissoras de TV apresentaram resultados parciais do primeiro turno da eleição presidencial em 2018. Momentos, por exemplo, em que tinha 49% das intenções de voto com a maior parte das urnas do Nordeste apurada e poucos votos no Sudeste apurados.
O homem chamado Eduardo disse que, pela lógica, Bolsonaro deveria vencer no primeiro turno, uma vez que no Sudeste, as pesquisas indicavam que ele teria mais votos que o candidato do PT, Fernando Haddad.
Bolsonaro ainda apresentou reportagens de TV sobre eleições de 2008 e 2012 no município de Caxias, no Maranhão, em que vários eleitores aparecem reclamando das urnas.
Mostrou ainda uma tabela em que haveria um padrão matemático na apuração do segundo turno da eleição presidencial de 2014, disputado entre Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff. "Pessoas especialistas no assunto, de matemática, probabilidade e estatística, buscaram um padrão. Buscaram saber se existia algum padrão. Que as curvas de Aécio e Dilma, Aécio começou lá em cima, a Dilma lá em baixo. E elas foram se aproximando. Quando se cruzaram, estabeleceu-se padrão dali para a frente. E não tem padrão em eleições", afirmou.
Depois, informou que o ministro da Justiça, Anderson Torres, enviaria a tabela para análise da Polícia Federal. Ele leu relatórios de peritos com sugestões para o "aprimoramento do processo eleitoral brasileiro", principalmente com a adoção do voto impresso.
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