O presidente Jair Bolsonaro (PL).| Foto: Marcos Corrêa/PR.
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou nesta segunda-feira (20) as declarações feitas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o sequestro do empresário Abílio Diniz. Bolsonaro afirmou que Lula “deu um recado para todos os narcotraficantes e bandidos do Brasil: ‘Estamos juntos’”. Na noite de sexta-feira (17), o petista admitiu que, em 1998, intercedeu junto ao então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) pela libertação dos envolvidos no sequestro.

Diniz foi sequestrado em 11 de dezembro de 1989, em São Paulo, por um grupo de dez integrantes do Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR). Na época, dez pessoas foram presas: cinco chilenos, dois canadenses, dois argentinos e um brasileiro. O grupo foi condenado a cumprir penas que variavam entre 26 e 28 anos de prisão, informou o Estadão. Eles alegavam que o dinheiro do sequestro seria utilizado para financiar a guerrilha em El Salvador. Em 1998, os estrangeiros do grupo foram extraditados aos países de origem, onde deveriam seguir cumprindo pena.

"Esses dez [presos pelo crime] eram cinco chilenos, dois argentinos, dois canadenses e um brasileiro. Estavam no segundo sequestro. Tinham sequestrado uma pessoa há sessenta e poucos dias, por último sequestraram o Abílio Diniz. Havia um pedido de resgate de 30 milhões de dólares pelo Abílio Diniz. E daí [Lula] falou que esses meninos cometeram um equívoco", disse Bolsonaro a apoiadores nesta manhã.

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"Um sequestro… Um sequestro é planejado, pessoal. Ninguém… Ah, vou sequestrar o João aí… Ele vê quem é o João, onde ele mora, a rotina de vida dele, onde vai ser o cativeiro, como vai ser as negociações… Agora, porque o Lula tocou nesse assunto, alguém tem ideia? Ele deu um recado para todos os narcotraficantes e bandidos do Brasil: ‘Estamos juntos’", completou.

Durante um evento em Maceió (AL), na última sexta, Lula disse que participou da negociação que culminou na extradição dos envolvidos. "Eles iam entrar em greve seca, que é ficar sem comer e sem beber, e aí é morte certa. Aí, eu então fui procurar o ministro da Justiça, Renan Calheiros, que depois de uma longa conversa me disse para falar com o presidente Fernando Henrique Cardoso, porque ele teria toda disposição de mandar soltar o pessoal", disse o petista.

O ex-presidente lembrou que os sequestradores teriam afirmado que foram obrigados a vestir camisetas com a logomarca do PT, para que o partido fosse relacionado ao caso, fato nunca confirmado. "Eu disse: Fernando, você tem a chance de passar para história como um democrata ou como o presidente que permitiu que dez jovens que cometeram um erro morressem na cadeia, e isso não vai (se) apagar nunca", afirmou Lula. O governo FHC nunca admitiu a relação entre a extradição do grupo e a ameaça de greve de fome.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]