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O presidente Jair Bolsonaro tem insistido em lançar o
ministro Tarcísio de Freitas a um cargo eletivo para as eleições do
próximo ano. Em conversas com amigos, Tarcísio disse mais
de uma vez que não
quer concorrer ao governo de São Paulo, atualmente comandado por João
Doria (PSDB), desafeto de Bolsonaro, nem a outro cargo executivo, em 2022.
Mesmo assim, o presidente costuma usar uma palavra com forte peso na
hierarquia militar quando se refere a esse plano, na tentativa de convencer o
ministro. "É uma missão", diz. Foi assim também no discurso feito por
ele, na sexta-feira passada, para inaugurar uma ponte em Rondônia.
Auxiliares do ministro disseram, porém, que essas
apostas eleitorais não lhe agradam. A avaliação de pessoas próximas a
ele é a de que esse movimento pode dificultar os trabalhos da pasta,
porque Tarcísio precisa de uma interlocução técnica para tratar dos
investimentos em obras nos Estados. Essa "imunidade" seria
necessária tanto para negociações políticas como para barrar indicações ao
ministério e suas autarquias, como o cobiçado Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes (Dnit).
Bolsonaro não foi o primeiro a jogar Tarcísio em especulações
eleitorais. O ministro já foi citado para disputar o governo do Rio, do
Distrito Federal e de Goiás. Nascido no Rio, ele tem Brasília
como seu domicílio eleitoral e já avisou que não pretende mudar. Nos últimos tempos,
outra vaga levantada para o engenheiro, de 45 anos, foi
a de candidato a vice na chapa de Bolsonaro, em 2022. O
ministro diz que essa possibilidade nunca esteve no seu radar.