A Central Única dos Trabalhadores (CUT) contratou uma empresa para organizar o disparo em massa de mensagens favoráveis ao ex-presidente Lula pelo WhatsApp. Dirigentes sindicais da organização afirmam que o objetivo da ação, que na realidade se trata de campanha eleitoral, é “combater as fake news”. Além da empresa, uma agência de publicidade também foi contratada com recursos do sindicato.
Vídeos divulgados pelo jornal Metrópoles mostram o secretário de comunicação da CUT, Roni Barbosa, e o secretário-adjunto, Admirson Medeiros, preparando e orientando membros da entidade sobre como fazer o uso eleitoral do que eles chamam de “Brigadas Digitais”. “Uma Brigada Digital é nada mais, nada menos do que um grupo de WhatsApp. Organiza os mais vermelhinhos dentro do grupo e lá vamos convencer toda a turma que este ano é Lula”, diz Barbosa em uma das gravações. “Basta você cadastrar no site e automaticamente o nosso administrador vai entrar no grupo e distribuir os cards, as informações e os vídeos”, explica o dirigente da CUT.
Já Medeiros exemplifica o que seriam essas “brigadas” e chega a classificar essas eleições como as mais importantes da vida. “As próximas eleições são as mais importantes das nossas vidas. Perder não é opção”, enfatiza. As campanhas incluem “twitaços” organizados para destacar na internet temas selecionados pela CUT. Outro membro do sindicato enfatiza que o foco são as eleições deste ano, mas que a iniciativa deve ser mantida mesmo após o período eleitoral. “Embora a grande batalha deste ano sejam as eleições, as brigadas digitais vieram para ficar”, diz.
Especialistas em direito eleitoral ouvidos pela reportagem do Metrópoles destacam a irregularidade da iniciativa. Segundo eles, está expresso na legislação que entidades sindicais não podem se envolver em questões eleitorais e político partidárias, como o financiamento de campanhas, além de ser vedado também o disparo automatizado de mensagens.
O método é igual ao processo que levou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a julgar a cassação da chapa do presidente Jair Bolsonaro (PL), a pedido do próprio PT, por supostas irregularidades cometidas nas eleições de 2018. O pedido acabou rejeitado.
Em outubro o TSE aprovou uma tese para condenar, a partir das eleições de 2022, os candidatos cujas campanhas dispararem, de forma massiva por meio de aplicativos de mensagens como o WhatsApp, conteúdos com mentiras contra seus rivais na disputa eleitoral e classifica que situações como essa podem ser consideradas abuso do poder político e econômico, além do uso indevido dos meios de comunicação, o que pode levar à cassação do registro da chapa dos candidatos.