Em novos trechos de sua delação premiada, o ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, José Geraldo Riva, réu em ações criminais e por improbidade, conta como 18 deputados e ex-deputados supostamente usaram propinas do governo estadual para custear despesas eleitorais nos anos de 2010, 2012 e 2014. O 'mensalão' mato-grossense é investigado pelo Ministério Público do Estado. Segundo o relator, o suposto esquema de pagamentos de mesadas se estendeu por mais de duas décadas, desde 1995, e ganhou 'nova sistemática' na gestão Blairo Maggi (PP/2003-2010), que posteriormente ocupou o cargo de ministro da Agricultura no governo Michel Temer. De acordo com Riva, em 2003, quando assumiu o Executivo de Mato Grosso, o ex-governador decidiu que a propina deveria ser empenhada como suplementação orçamentária da Assembleia Legislativa.
Em outro trecho da delação, Riva admite que o esquema começou a gerar uma 'sobrecarga' na contabilidade de Assembleia Legislativa. "Inclusive na Operação Imperador foi muito questionado isso: o fato de um deputado ter recebido mais de um milhão de envelopes e o fato de um deputado também ter material de informática que ele demoraria 30 anos para usar durante um ano que ele recebeu. Isso era em função de que você não tinha condições de fazer as notas fiscais como verdadeiro material. Por isso que a gente tinha dificuldade, distribuía bem esse material, mas mesmo assim havia sempre um excesso de material", disse. Após a divulgação de trechos em vídeo da delação, o ex-governador Blairo Maggi afirmou que nunca houve compra de apoio político por parte do Executivo, e por isso, ele jamais pactuou com quaisquer irregularidades.