A Associação dos Diplomatas Brasileiros (ADB/Sindical) criticou a rejeição do Senado à indicação do embaixador Fabio Mendes Marzano, Secretário de Assuntos de Soberania Nacional e Cidadania do Itamaraty, para o cargo de representante brasileiro junto à Organização das Nações Unidas (ONU) em Genebra, na Suíça. O nome foi rejeitado por senadores em derrota do governo e do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. O placar final foi 37 votos contra Marzano. A reprovação é resultado de indisposição de Marzano com a senadora Kátia Abreu (PP-TO), que o questionou sobre o uso do desmatamento na Amazônia como pretexto por países europeus para barrar o acordo Mercosul-União Europeia.
O embaixador se recursou a responder a pergunta, afirmando que o tema não era de sua alçada. Para a ADB/Sindical, Marzano atuou com o 'cuidado e profissionalismo'. "Teria negligenciado ambos, caso respondesse a temas não pertinentes à sua atual e futura competência", frisam a associação. "Um diplomata opina e se manifesta sobre os temas sobre os quais tem responsabilidade, na qualidade de representante, negociador e profissional capacitado para colher e difundir informações da mais alta qualidade". A entidade diz 'lamentar' a rejeição do nome de Marzano, que elogiam por trabalho no processo de assistência e repatriação de brasileiros moradores e viajantes afetados pela pandemia no exterior.
As críticas não se limitam à cúpula da ADB/Sindical. Diplomatas em cargos no Itamaraty também lamentam a decisão do Senado. Gazeta do Povo ouviu de interlocutores do governo no Ministério das Relações Exteriores que os senadores não levaram em consideração as qualificações técnicas de Marzano. Eles citam que foi na condição de secretário do Itamaraty que o embaixador repatriou mais de 40 mil brasileiros durante a pandemia. "Todo o esforço para trazer os brasileiros para casa, para suas famílias, foi coordenado pelo Marzano", sustenta uma fonte. Além disso, foi ele o responsável pela reorientação política nos foros multilaterais. "Qualificação [para a ONU] não falta a ele", destaca outra.