Em seu discurso de despedida na última sessão da Corte, nesta quinta-feira (17), o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, voltou a garantir a segurança do sistema eleitoral brasileiro e fez críticas indiretas ao governo do presidente Jair Bolsonaro, afirmando que, atualmente, os dirigentes brasileiros “não são bem-vindos em nenhum país democrático e desenvolvido do mundo.” Barroso passará a presidência do Tribunal ao ministro Edson Fachin na próxima terça-feira (22). Mais tarde, durante entrevista coletiva, ele falou sobre as Forças Armadas na fiscalização das eleições deste ano.
“Num mundo que assiste preocupado à ascensão do populismo extremista e autoritário, rescendendo a fascismo, a preservação da democracia e o respeito às instituições passaram a ser ativos valiosos, indispensáveis para quem queira ser um ator global relevante. Não é de surpreender que dirigentes brasileiros não sejam hoje bem-vindos em nenhum país democrático e desenvolvido do mundo. E, nos eventos multilaterais, vagam pelos corredores e calçadas sem serem recebidos, acumulando recusas em pedidos de reuniões bilaterais”, afirmou Barroso. “Como já disse anteriormente, a marca Brasil vive um momento de deprimente desvalorização mundial. Passamos de um país querido e admirado internacionalmente a um país olhado com desconfiança e desprezo”, criticou o ministro.
Segundo ele, o Tribunal Superior Eleitoral resistiu aos ataques à democracia e afirmou que o discurso de fraude nas eleições faz parte de vocações autoritárias. “Aqui no Tribunal Superior Eleitoral procuramos fazer a nossa parte na resistência aos ataques à democracia. Aliás, uma das estratégias das vocações autoritárias em diferentes partes do mundo é procurar desacreditar o processo eleitoral, fazendo acusações falsas e propagando o discurso de que “se eu não ganhar houve fraude”. Trata-se de repetição mambembe do que fez Donald Trump nos Estados Unidos, procurando deslegitimar a vitória inequívoca do seu oponente e induzindo multidões a acreditar na mentira”, disse.
Barroso também fez críticas aos debates sobre a volta do voto impresso, afirmando que a discussão foi um retrocesso e que sugeria a solução para um problema inexistente. “Boa parte do ano de 2021 foi gasto com uma discussão desnecessária, que significaria um retrocesso: a volta ao voto impresso, com contagem pública manual. Solução inadequada para um problema inexistente. O sistema de votação eletrônica brasileiro é seguro, transparente e auditável”, finalizou Barroso.