O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, responsável por autorizar o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), conta em um livro os bastidores do fim da era petista no Palácio do Planalto após 13 anos. No livro "Tchau, Querida — O Diário do Impeachment", que será publicado neste mês na data em que completa cinco anos da sessão que culminou com a saída de Dilma, Cunha diz que Michel Temer atuou para o processo, que tinha jogo de "cartas marcadas" e refuta a tese de "golpe".
De acordo com a revista Veja, Cunha admite, por exemplo, que indicou um advogado de sua confiança para dar uma consultoria de cartas marcadas ao relator do impeachment, o deputado Jovair Arantes.
Em outro trecho, o ex-presidente da Câmara afirma que à época o vice-presidente Michel Temer trabalhou arduamente pelo impeachment e negociou cargos. "Temer não só desejava o impeachment como lutou por ele de todas as maneiras — ao contrário do que ele quer ver divulgado sobre o assunto", escreveu Cunha, segundo a publicação. "Jamais esse processo de impeachment teria sido aprovado sem que Temer negociasse cada espaço a ser dado a cada partido ou deputado que iria votar a favor da abertura dos trâmites."
Cunha, no entanto, refuta a tese de golpe, segundo a Veja, mas faz ironia com o histórico do PT, que defendeu os afastamentos de presidentes anteriores. "Quem com golpe fere, com golpe será ferido."