O procurador-geral da República, Augusto Aras, defendeu nesta terça-feira (24), durante sabatina no Senado, sua decisão de acabar com as forças-tarefa da Lava Jato. Disse que o modelo "culminou numa série de irregularidades que vieram a público, tais como os episódios revelados na Vaza Jato", em referência a reportagens baseadas em conversas de procuradores interceptadas ilegalmente por hackers.
Entre as "irregularidades", Aras mencionou a "frustrada gestão de vultosas quantias arrecadadas em acordos de colaboração e leniência, por meio de fundos não previstos em lei". Lembrou que ocorreram duas tentativas de criação de fundos para gerir os recursos recuperados: um de R$ 2,5 bilhões liberados pelos Estados Unidos, oriundos de multas aplicadas sobre a Petrobras; e outro com R$ 2,3 bilhões de multas pagas pela J&F.
Ele também apontou "deficiência de institucionalidade" nos procedimentos de investigação, "em prejuízo ao princípio da impessoalidade e da moralidade". "Foi de sabença notória que equipes da antiga força-tarefa da PGR, em tempos passados, realizaram viagens a Nova York e à Suíça no contexto de suposta cooperação internacional, da qual não foram encontrados registros no sistema da PGR", afirmou. Depois, enumerou operações do órgão contra a corrupção, exaltando a "discrição" e a "não criminalização da política" em sua gestão.
"Apresentamos 46 denúncias contra autoridades com prerrogativa de foro no STF e no STJ. Realizamos 34 acordos de colaboração premiada, com incremento expressivo dos valores das multas, em comparação com acordos anteriores. E instauramos mais de 150 inquéritos. Realizamos ainda 35 operações sem vazamentos seletivos ou espetáculos midiáticos. Talvez se nós tivéssemos, a cada duas grandes operações por mês, feito o vazamento seletivo das operações e investigados, talvez estivesse numa posição de muito elogio como quem distribuiu flechadas para todo o Brasil criminalizando a política. Mas assim não o fiz, porque me comprometi com Vossas Excelências de cumprir minha função constitucional, com parcimônia, sem escândalo, sem estrépito, mas com a dignidade que cada político merece como representante do povo brasileiro", afirmou.