O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou à Justiça ter utilizado a renda de seu trabalho como advogado para ajudar a pagar parte do financiamento da mansão de R$ 6 milhões que comprou em Brasília. A residência foi adquirida pelo filho do presidente Jair Bolsonaro (PL) no ano passado. Do valor total do imóvel, Flávio precisou financiar R$ 3,1 milhões.
No entanto, não há registros de processos que mostrem a atuação do parlamentar como advogado no Distrito Federal e no Rio de Janeiro, locais onde tem inscrição válida na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), informou a Folha de S. Paulo. Em março de 2021, a deputada Érika Kokay (PT-DF) apresentou uma ação questionando o financiamento concedido ao senador pelo BRB, banco vinculado ao governo do Distrito Federal.
Flávio apresentou o argumento em uma petição protocolada em setembro do ano passado na ação movida pela deputada. O caso tramita no Tribunal da Justiça Federal e Territórios (TJDFT). A compra da mansão foi revelada no início de 2021 pelo site O Antagonista. Na época, o senador alegou que o dinheiro ganho como empresário permitiu viabilizar o negócio.
A defesa de Flávio argumentou, na petição de setembro, que sua renda familiar "não está adstrita somente à remuneração" pela atividade parlamentar, "visto que o mesmo atua como advogado, além de empresário e empreendedor, por muitos anos". Sem mencionar valores, os advogados também citam que a mulher do senador "se dedica ao exercício da odontologia há bastante tempo, estabelecida em consultórios tanto na cidade do Rio de Janeiro, como em Brasília".
A defesa também afirma que o casal "nunca se valeram de condições pessoais ou parentesco para obtenção de qualquer tipo de vantagem ou favoritismo". Além disso, os advogados dizem no documento que "há uma guerra declarada pelos políticos, pelos partidos e militantes de esquerda contra quem é de direita, quem é conservador".