O aeroporto de Vitória da Conquista, no interior da Bahia, virou nesta semana o pomo da discórdia entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador da Bahia, Rui Costa. O local é intitulado ao cineasta baiano Glauber Rocha (1939 - 1981), expoente do movimento Cinema Novo e premiado como melhor diretor no festival de Cannes em 1968. Rocha sofreu perseguição do regime militar e em 1971 partiu, por vontade própria, para o exílio. A Comissão da Verdade do Rio de Janeiro revelou em 2014 que na década de 70 havia uma ordem dos militares para matá-lo por ser "comunista convicto, à serviço do imperialismo soviético", que abusava "do cinema brasileiro, do qual recebeu auxílios e incentivos, em prol da revolução comunista".
O cineasta é reconhecidamente um homem controvertido como demonstra a entrevista concedida em 1974 à revista Visão, em que Rocha elogiou Golbery do Couto e Silva, um dos mentores do golpe de 64: “O mais alto pensar da raça ao lado do professor Darcy (Ribeiro)”. Outro episódio que o liga a figuras do regime ocorreu em 1981, quando o cineasta encontrou o general Figueiredo na cidade de Sintra, em Portugal: “Um encontro absolutamente casual. Glauber ia a Sintra com frequência. Foi muito rápido. Se cumprimentaram e acabou. Sem qualquer sentido de adesão ao governo” – contou à Veja, o fotógrafo Orlando Brito, que registrou o momento.