O Ministério das Relações Exteriores impôs um sigilo de cinco anos sobre alguns registros e detalhes da viagem do presidente Jair Bolsonaro à Rússia, ocorrida no mês de fevereiro. Em resposta a um requerimento apresentado pela bancada do Psol na Câmara, que pedia detalhes da agenda do presidente e outros assuntos tratados nos encontros, o Itamaraty classificou alguns dos dados como reservados, alegando que sua divulgação pode "prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as relações internacionais do País, ou as que tenham sido fornecidas em caráter sigiloso por outros Estados e organismos internacionais."
“O registro da visita do Sr. Presidente da República à Rússia produzido pela Embaixada do Brasil em Moscou consta de telegrama classificado como reservado, ao amparo do artigo 23, inciso II da Lei n. 12.527”, diz trecho do despacho.
No documento, datado de 12 de abril, a pasta apresentou ainda os detalhes sobre os gastos da comitiva brasileira na Rússia. As diárias tiveram um custo de US$ 96.850,27 e o aluguel de veículos custou US$ 125.328. Outros US$ 890 foram gastos com o serviço do cerimonial e US$ 9.645 com intérpretes. Escritório e material de apoio custaram US$ 12.595. Já a hospedagem do presidente Jair Bolsonaro foi integralmente custeada pelo governo russo, segundo o Itamaraty.
Sobre a presença do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) na comitiva presidencial, o ministério das Relações Exteriores afirmou que os detalhes são de competência da Presidência da República. Recentemente a Procuradoria-Geral da República (PGR) afirmou que não identificou "elementos mínimos indiciários de qualquer prática delitiva" para investigar a viagem do filho do presidente na comitiva presidencial à Rússia, mas pediu ao Palácio do Planalto que preste mais informações sobre o caso "se entender pertinente".