Com a popularidade em baixa no Estado e alvo de ataques dos eleitores do presidente, após intermináveis desavenças públicas com Jair Bolsonaro, o governador de São Paulo, João Doria, segue ignorado pelo correligionário Bruno Covas (PSDB) na campanha pela prefeitura da capital paulista nas eleições municipais de 2020. Vice-prefeito durante o mandato de Doria como chefe do executivo municipal, entre 2016 e 2018, Covas tem evitado apresentar o nome de seu padrinho político nas peças publicitárias das eleições deste ano. As campanhas exibidas até agora têm focado mais em sua vida pessoal e seus mandatos como deputado estadual e o período em que ocupou cargo como secretário municipal, sem tocar no nome do então aliado. “Em 2018, assumi o maior desafio da minha vida, ser prefeito de São Paulo. Enfrentei muitas dificuldades”, diz um dos vídeos do candidato. A gravação, de 3 minutos e 30 segundos, não faz referência ao governador em nenhum momento.
Por outro lado, adversários políticos têm surfado na onda da rejeição de Doria, que é citado de forma intensa pelos demais candidatos, sempre de forma negativa em várias inserções, que fazem questão de mostrar essa ligação entre Covas e o governador. Pesquisa recente do Datafolha aponta que 60% dos paulistanos não votaria de jeito nenhum em um candidato apoiado por João Doria, rejeição maior até mesmo daqueles candidatos apoiados pelo ex-presidente Lula (PT). Celso Russomanno, por exemplo, tem se referido ao seu principal adversário pela disputa à prefeitura de São Paulo como Bruno Doria para lembrar aos eleitores que os dois políticos foram eleitos juntos.
Russomano, por sua vez, tem vinculado sua imagem com a do presidente Jair Bolsonaro, que inclusive já gravou vídeos de campanha apoiando o candidato do Republicanos e fez campanha aberta durante a última live realizada na quinta-feira (29). O apoio, entretanto, não tem se convertido em votos. Pelo contrário. Pesquisa recente do Ibope no dia 30 de outubro, em São Paulo, mostra que Covas ampliou a vantagem na disputa pela capital paulista e agora tem 26% das intenções de voto contra 20% de Russomanno.